As palavras têm ritmo. E quando música e poesia jogam uma com a outra, chegam a criar ritmos e sonoridades que dispensam notação.
Em “ABC de animais com ritmo”, os jogos de palavras destacam a importância da biodiversidade e o respeito pela natureza. São um serviço à Língua e suscitam o gosto pela rima, encaixando na aprendizagem das letras e em casos de leitura. Funcionam como sílabas rítmicas bem-humoradas e prestam-se a acompanhamentos rítmicos criativos.
Situam-se algures entre provérbios, trava-línguas, lengalengas e sílabas rítmicas de Kodály. Boa parte deles promovem jogos de palmas em pares, copos, imitação, sorteamento, cadeiras, estátua, caçadinha e outros.
São especialmente indicados para o 1º Ciclo do Ensino Básico e refletem uma parte da filosofia pedagógica Meloteca no contexto da Expressão Musical.
(António José Ferreira)
A
Albatroz, albatroz,
voa como os seus avós.
Alcatraz ou gaivotão, comes peixe, sim ou não?
Avestruz, avestruz,
corre, corre, avestruz.
(para imitar)
B
Bacalhau, bijupirá, bate-bico, biguá.
Quem estuda, aprende,
quem trabalha, saberá.
(para jogar)
ABC de animais com ritmo, créditos José Luiz Santos
Baiacu, baiacu,
baia, baia, baiacu.
Baiacu, sapo-do-mar,
peixe-balão, ou fugu!
Beija-flor, beija a flor,
beija, beija, beija a flor.
Bem-te-vi, eu vi,
quando andavas por aí.
C
Cachalote e camarão
é do mar que eles são.
Cachalote, olha o filhote,
e não vires o meu bote!
Reciclanda, música e poesia para um mundo melhor
O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.
Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração) e dinamiza atividades em colónias de férias com crianças. Apresenta-se nas áreas da educação e da sustentabilidade em festivais.
https://www.lenga.pt/wp-content/uploads/2023/02/tangara-dancarino.jpg400400António Ferreirahttp://lenga.pt/wp-content/uploads/2022/05/lenga-80x80.jpgAntónio Ferreira2023-02-18 01:21:392025-10-27 17:35:23ABC de animais com ritmo
A percussão corporal é importante enquanto descoberta do corpo humano no seu esquema corporal, como instrumento musical a acompanhar canções e danças e na educação precoce para a criatividade. Desafia os alunos para a descoberta musical do seu corpo e prepara-os para trabalhar em equipa. Promove o desenvolvimento global da criança (psicomotor, cognitivo e relacional), tenha ou não tenha necessidades educativas especiais.
O pulsar do coração, o andar e a dança da mãe antes de a criança nascer ou transportada pela mãe são das primeiras experiências rítmicas. E é provável que ainda antes da utilização de qualquer instrumento musical, por mais rudimentar que fosse, já a humanidade usasse sons corporais e vocais enquanto música e forma de comunicação.
Há diversas tradições do mundo que incorporam percussão corporal como o saman indonésio, a música de axila etíope, o sapateado americano e as palmas no flamenco.
“Descobre o instrumento que há em ti” é um desafio que os professores podem lançar às crianças. Mesmo quando dão sugestões musicalmente pouco eficazes, exprimiram o seu pensamento, criatividade e corpo; outras vezes, surpreendem com timbres e formas de percussão que permitem fazer interessantes ritmos e coreografias.
Associados a elementos das literaturas de tradição oral, os jogos de mãos em pares ou grupo têm vantagens extra em todos os sentidos. Palmas com palmas do par, costas da mão com costas da mão, punhos com punhos, palmas unidas deslizando nas palmas unidas do par, costas da mão esquerda unidas e palma direita a bater em cima ou em baixo na palma do par, há muitas possibilidades rítmicas que desenvolvem a musicalidade da criança, melhoram a autoestima e aumentam o gosto de estar na escola.
Percussão em pares, mão direita na direita
Percussão em pares, mão direita com mão direita e pé direito com pé direito do par
Descobre o reco-reco que há em ti
Raspa com
a mão nas costas da mão contrária;
falanges de uma mão nas falanginhas da outra mão;
falanginhas de uma mão nas falanginhas da outra mão;
a mão relaxada no espaço entre as costas da outra mão e o pulso;
as mãos na roupa por cima da barriga, no mesmo sentido ou em sentidos opostos;
a mão no braço contrário;
a mão relaxada na palma da outra mão, estando as ambas orientadas para cima ou para a frente, ou com as palmas encaixadas em x;
a mão direita em forma de serrote, na palma ou nas costas da esquerda (ou vice-versa);
as mãos nas coxas para a frente e trás, no mesmo sentido ou em sentido contrário, em cima ou de lado, sentado.
Descobre o tambor que há em ti
Podes bater em diversas partes do corpo, com intensidades baixa, média e alta, conforme o caso e o contexto.
Mãos
Bate com
mão em concha com mão em concha (em forma de x);
mãos em forma orante, orientadas para cima ou para a frente;
palma nas costas dos dedos da mão contrária;
mão direita batendo e deslizando na palma contrária desde os dedos até ao pulso, e fazendo o mesmo com as costas da mão em direção oposta;
1, 2, 3, 4 e 5 dedos na beira da mesa, em simultâneo, separadamente e de forma alternada;
um ou dois punhos na mesa, ou em alternância;
um punho na beira da mesa e a mão oposta a bater por cima do punho;
mãos na bunda, em simultâneo, com uma mão ou em alternância;
mãos fechadas, com as falanginhas no peito, na barriga, nas coxa (por cima ou de lado);
mãos abertas no peito, na barriga, nas coxas, por cima ou de lado;
sentados, com mãos alternando com polegares junto aos joelhos;
mão no braço e antebraço contrário;
palma com palma, com dos dedos abertos;
palma encaixando na outra em x;
palma batendo no punho da mão oposta;
mãos abertas próximas do peito, batendo a direita nas costas da esquerda, e esta no peito (ou vice-versa).
Cotovelos
Bate com
cotovelos alternados ou em simultâneo na beira da mesa.
Dedos
Bate
dedilhando como ao piano, alternando polegar e médio e as outras combinações possíveis;
polegar da mão direita na palma esquerda e restantes dedos da direita nas costas da esquerda (ou vice-versa);
dedos na cara entre os dentes com a boca aberta;
dedos da direita na palma esquerda, ou vice-versa;
1, 2, 3 ou 4 dedos da mão direita na palma esquerda, ou vice-versa;
polegares e restantes dedos na beira da mesa, em simultâneo ou de forma alternada;
polegares alternando com restantes dedos da mão na beira da mesa.
Estalidos
Bate com
estalo de língua produzindo curtas melodias.
Falanges
Bate com
falanginhas na meia da mesa.
Pés
Bate com
pés no chão, caminhando;
pés no chão, sentado, com pontas e calcanhares simultâneas ou alternadas.
Punhos
Bate com
o punho na mão oposta (relaxada em forma de concha).
Saltos
Bate em
saltos percussivos, com os pés no chão no tempo 1 de um compasso de 4 tempos (1, 2, 3, 4), ou de forma aleatória.
Descobre o aerofone que há em ti
Controla a saída e entrada de ar:
assobiando, pressionando o ar para sair através de lábios em bico;
inspirando pela boca e expirando, criando pequenas melodias;
inspirando e expirando pela boca, como se estivesse ofegante, produzindo sons de altura determinada e pequenas melodias;
fazendo o ar sair pela boca a produzir o som “ss”, dando diferentes notas (ou mesmo a escala);
produzindo o som (ch) e criando curtas melodias.
produzindo o som th a criar pequenas melodias.
No Brasil, Barbatuques é um excelente exemplo de percussão corporal, enquanto espetáculo e pedagogia.
Vídeos
Quadras
Mão na cabeça,
outra no peito,
faz lá um ritmo
mesmo ao teu jeito.
Bate no peito
e na barriga
e acompanha
uma cantiga.
António José Ferreira
Percussão corporal, costas da mão na palma oposta, créditos Meloteca
Percussão corporal, direita no peito, créditos Meloteca
Percussão corporal, mão no pulso oposto, créditos Meloteca
Percussão corporal, mãos nas costas da outra, créditos Meloteca
Percussão corporal, palma no punho, créditos Meloteca
Percussão corporal, punho na palma, créditos Meloteca
https://www.lenga.pt/wp-content/uploads/2023/02/maos-em-pares-direita-em-cima.jpg400400António Ferreirahttp://lenga.pt/wp-content/uploads/2022/05/lenga-80x80.jpgAntónio Ferreira2023-02-09 15:29:402023-02-11 01:16:06Sons do Corpo
Com sede em Oeiras, Casulo Instrumentos é um projeto criado por Silvana Dias em 2019. Com adoráveis decorações e combinações de cores, adapta instrumentos tradicionais ao desenvolvimento da coordenação motora das crianças facilitando o acesso a instrumentos que, em alguns casos, são pouco conhecidos.
adufe infantil Casulo Instrumentos
castanholas de cabo Casulo Instrumentos
Guizeiras Casulo Instrumentos
Monst’Reco Casulo Instrumentos
sarronca Casulo Instrumentos
Tambor Casulo Instrumentos
Tracalote Casulo Instrumentos
tréculas Casulo Instrumentos
Zaclitrac Casulo Instrumentos
Para fomentar o movimento em contexto de espetáculo na infância, Casulo Instrumentos tem fitas.
Fitas Casulo Instrumentos
https://www.lenga.pt/wp-content/uploads/2022/12/zaclitrac-casulo-instrumentos.jpg400400António Ferreirahttp://lenga.pt/wp-content/uploads/2022/05/lenga-80x80.jpgAntónio Ferreira2022-12-15 12:51:482025-10-27 17:30:30Instrumentos do Casulo
A criança que não conseguia ficar sentada na escola
Gillian era uma criança de sete anos e não conseguia ficar sentada na escola. Levantava-se constantemente, distraía-se, voava com os pensamentos e não seguia as lições. Os seus professores ficavam preocupados, castigavam-na, repreendiam-na, recompensavam-na…. mas nada. Gillian não sabia ficar sentada e não conseguia ficar atenta.
Quando chegava a casa, a mãe também a castigava e pensava que nada podia com o comportamento da menina. Gillian não só sentia a escola como um lugar de punição, como também sentia a sua própria casa como se fosse um castigo. Sentia-se humilhada e triste. Achava que era diferente e distante de todos os aplausos e louvores.
Um dia, a Mãe de Gillian foi chamada à escola. A senhora, triste, como quem esperava notícias desagradáveis, levou a menina e seguiu para a escola aguardando na sala que lhe fora indicada.
Sem a presença da criança, os professores falaram de uma doença, de um distúrbio evidente da menina, de algo que se passava com Gillian que não era normal e que não lhe permitia aprender.
Entretanto, durante a entrevista, apareceu um antigo professor que conhecia a menina e a sua história. Solicitou a todos os adultos, mãe e colegas, que o seguissem até um quarto, onde tinha deixado Gillian sozinha, dizendo-lhe que tivesse paciência que voltaria num instante. Tinha ligado um rádio velho com música de fundo.
Sem que ela se apercebesse que estava a ser observada, e sentindo-se sozinha na sala, imediatamente se levantou e começou a mover-se para cima e para baixo perseguindo com os pés e coração a música no ar. O velho professor sorriu e, enquanto os colegas e a mãe a olhavam entre o perplexo, o compassivo, o incrédulo,… ele exclamou:
“Vejam, a Gillian não está doente, a Gillian é uma bailarina!”.
Aconselhou, então, a mãe a matriculá-la numa aula de dança e aos colegas disse-lhes que a fizessem dançar de vez em quando nas suas aulas.
A menina foi à sua primeira aula e, quando chegou a casa, só disse à mãe: “São todos iguais a mim, ninguém consegue ficar sentado!”
Dame Gillian Barbara Lynne foi uma bailarina, dançarina, coreógrafa, atriz de teatro e apresentadora de televisão britânica. Recebeu prémios e escreveu livros. Nasceu 20 de fevereiro de 1926, Bromley, Reino Unido e morreu a 1 de julho de 2018, com 92 anos, em Londres, onde tem um teatro com o seu nome.
Gillian Lynne, que começou sua carreira como bailarina clássica, trabalhou em mais de 50 espectáculos entre os quais se destacam as coreografias de dois dos mais famosos musicais compostos pelo britânico Andrew Lloyd Webber: Cats (1981), um espetáculo inspirado nos poemas do escritor inglês T.S. Eliot, e O Fantasma da Ópera (1986), inspirado no romance homónimo de Gaston Leroux.
Cats e O Fantasma da Ópera conquistaram milhões de espectadores em todo o mundo, e ainda estão em cena em Londres, mais de três décadas após sua criação.
Estar ativa faz parte da natureza da criança (que não pode ficar a ouvir o professor falar sobre música). A atividade desenvolve capacidades de observação e atenção e leva a criança a participar. É importante envolver as crianças em experiências musicais significativas.
[ Graça Boal Palheiros ]
ADAPTAR
É essencial adaptar os conteúdos, as atividades e as estratégias às situações concretas de ensino e aprendizagem, aos espaços e recursos disponíveis, e também à idade, aos interesses e ao nível de desenvolvimento musical das crianças.
[ Graça Boal Palheiros ]
ATUAÇÃO
O trabalho musical desenvolvido nas aulas ganha um outro sentido e uma outra dimensão quando apresentado em público. Em termos práticos, os efeitos podem ser vistos na fase de elaboração e de ensaios, bem como na atuação em si mesma.
[ José Carlos Godinho ]
AFINAÇÃO
Parece que muitas crianças (ocidentais) seguem uma sequência faseada na qual o acto de cantar completamente afinado é precedido por comportamentos mais simples, menos complexos. Estas fases parecem estar relacionadas com o foco percepcional da criança, que tende a evoluir do texto da canção para um contorno melódico, depois para uma exactidão baseada em expressões e finalmente para uma correcção generalizada mais desenvolvida.
[ Graham Welsh ]
AMBIENTE
As crianças precisam de ser educadas num ambiente musical rico, para que a sua aptidão musical desabroche de maneira positiva.
[ Edwin Gordon ]
ANDAMENTO
Quando os pais ou professores cantam e entoam para as crianças pequenas, devem ter o cuidado de executar a canção ou o canto rítmico num andamento estável e confortável, para que acidentalmente não alterem o andamento ou a métrica.
[ Edwin Gordon ]
APRENDER A TOCAR
Aprender a tocar um instrumento é como aprender a falar outra língua e pode tornar-se um desafio alicante. Uma das qualidades que os músicos possuem é a disciplina.
[ Espie Estrella ]
APRENDIZAGENS
A verificação das aprendizagens desenvolvidas pelas crianças é também um importante indicador sobre a forma como decorreu o processo de ensino. O professor não deve, portanto, confiar unicamente na sua própria impressão sobre o sucesso das suas aulas.
[ José Carlos Godinho ]
APRESENTAÇÃO EM PÚBLICO
A atividade musical envolve inevitavelmente a partilha da música com os outros. Quer o compositor, quer o intérprete consumam a sua criatividade, esforço e pensamento estético no momento em que a obra musical é apresentada ao público. A obra musical só passa a sê-lo efectivamente quando executada em público, transmitida ou distribuída pelos média.
[ José Carlos Godinho ]
APTIDÃO MUSICAL
Uma criança nasce com determinado nível de aptidão musical. Esse nível muda de acordo com a qualidade do seu ambiente musical, formal e informal, até a criança atingir os nove anos de idade. (…) As crianças têm uma fase de desenvolvimento da aptidão musical desde o nascimento até aos 9 anos e uma fase de estabilização da aptidão musical, dos nove anos em diante.
[ Edwin Gordon ]
AUDIÇÃO
A audição é um dos aspectos centrais na aprendizagem musical. Contudo a criança necessita de orientação e de pontos de apoio para ouvir de uma forma discriminada e para ir centrando a sua audição em diferentes tipos de música, estruturas, fontes sonoras e instrumentos, podendo reagir aos diferentes parâmetros musicais de modo espontâneo.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
AVALIAÇÃO
A avaliação é fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Se, por um lado, a avaliação permite verificar as aprendizagens realizadas pelas crianças, por outro, é através da avaliação que podemos tirar conclusões sobre o sucesso do processo de ensino desenvolvido e ajustá-lo face aos resultados.
[ José Carlos Godinho ]
CANÇÕES
Elas são capazes de vos dar encorajamento e estímulo; elas podem ensinar-vos a observar e a preservar as coisas; elas podem ensinar-vos a associar, a compreender com profundidade; elas são capazes de apagar a vossa raiva; elas ensinam-vos a ouvir o vosso pai, que conhece todas as regras que regem a vossa longa caminhada; elas ensinam-vos os nomes dos pássaros, dos animais, das árvores”.
[ Confúcio ]
CANTO E EXPRESSÃO
O canto é fundamental para a expressão musical e o melhor meio para exprimir ideias específicas, visto estar na maior parte das vezes ligado a um texto, tantas vezes um poema. A relação entre o texto e a música é, sem dúvida, de uma importância extrema. Deste modo, a existência de uma dicção adequada torna-se essencial.
[ Joana de Quinhones Levy ]
CAPACIDADES
Nascemos com direitos iguais perante a lei, mas isso não significa que nasçamos iguais. Antes do nascimento, todas as crianças têm potencialidades inatas mas, mal nascem, tornam-se logo patentes as diferenças entre elas. Parte dessas diferenças reside no seu potencial para aprender e compreender música. No entanto, todas têm igual direito a atingir o nível máximo de que são musicalmente capazes.
[ Edwin Gordon ]
CÉREBRO
Nós somos musicais: é parte do nosso desígnio humano básico. O cérebro humano tem áreas especializadas cujas funções primordiais trabalham em conjunto para o processamento musical. Somos, também, musicalmente educados, no sentido de que adquirimos comportamentos musicais sofisticados desde a fase pré-natal passando pela experiência da cultura em que nos inserimos.
[ Graham Welsh ]
COMPETÊNCIAS MUSICAIS
As competências musicais incluem, por exemplo, escutar, cantar, mover-se, criar, improvisar, ler e escrever, enquanto os conteúdos musicais se referem, por exemplo, a padrões tonais e rítmicos de diferentes níveis de dificuldade e em várias tonalidades e métricas.
[ Edwin Gordon ]
conjunto
Fazendo música em conjunto, todas as crianças contribuem para o grupo, de acordo com as suas capacidades, podendo ajudar-se mutuamente. No grupo, todos têm responsabilidades.
[ Graça Boal Palheiros ]
CONSTRUÇÃO SOCIAL E HUMANA
A música como construção social e humana interage de modos diversos não só com a construção das identidades, individuais e colectivas, como também com diferentes áreas do saber e do conhecimento artístico, humanístico, científico e tecnológico.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
CORO
Para a interpretação vocal em coro, é necessário treinar outros aspectos. Além de cantar afinada, correta e musicalmente, a criança deve ter uma postura correta, estar atentas às indicações do professor e ouvir os colegas.
[ Graça Boal Palheiros ]
CORPO EM MOVIMENTO
Sentir, no corpo em movimento, o som e a música é, na criança, uma forma privilegiada e natural de expressar e comunicar cineticamente o que ouve. (…) O movimento, a dança, a percussão corporal são meios de que o professor dispõe para, com pleno agrado das crianças, desenvolver a sua musicalidade.
[ Organização Curricular e Programas do 1º Ciclo ]
CRIAÇÃO, IMPROVISAÇÃO E COMPOSIÇÃO
As atividades de criação, improvisação e composição na sala de aula são importantes, como forma de expressão e comunicação musical, para desenvolver o pensamento musical das crianças. E também como forma de comunicação social, pois os exercícios de improvisação individual e/ou em pequeno grupo estimulam as interacções sociais e contribuem para o desenvolvimento social das crianças.
[ Graça Boal Palheiros ]
CRIATIVIDADE E PRÁTICA MUSICAL
A criatividade é importante para a prática musical, podendo ser estimulada em atividades de improvisação, composição e interpretação. Para além do treino – que é necessário – realizado através de imitação e repetição, o professor pode incentivar a criatividade, procurando que em cada aula haja lugar para a improvisação verbal, vocal, instrumental e corporal.
[ Graça Boal Palheiros ]
CURRÍCULO, PROGRAMA, PLANIFICAÇÃO
O currículo, o programa ou a planificação de unidades de ensino não sendo sinónimos, interligam-se e interagem nos seus vários elementos no qual se incluem os seguintes considerados fundamentais (Ribeiro, A. Carrilho; Ribeiro, L. Carrilho, 1990):
– contexto e justificação;
– quadro de objectivos;
– roteiro de conteúdos;
– plano de organização e sequência do ensino-aprendizagem;
– plano de avaliação.
[ Manuela Encarnação ]
DESEMPENHOS
Em educação musical a observação dos desempenhos é fundamental, já que a maior parte do conhecimento musical não se demonstra através de testes escritos, mas é exposta no corpo, na voz, na execução instrumental e nos objectos musicais criados. (…), é necessário que o professor esteja na posse de grelhas de observação adequadas.
[ José Carlos Godinho ]
DESENVOLVIMENTO FÍSICO-MOTOR
O desenvolvimento físico-motor através, por exemplo, do movimento, danças e dramatizações é essencial para a aprendizagem e interpretação musical. A vivência e a reação da criança a diferentes estilos e culturas musicais através do movimento contribui para a aquisição de conceitos, a assimilação de padrões e estruturas e o desenvolvimento da memória musical, a consciencialização da pulsação, do ritmo e do carácter das peças musicais.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
DISPONIBILIDADE
Para que a música seja ensinada através do ouvido, por forma a que os alunos possam realmente aprender música e não simplesmente ser treinados para a executar, os pais e os professores devem dispor de muito tempo; os primeiros para apoio em casa, os últimos para o ensino no dia-a-dia escolar.
[ Edwin Gordon ]
DIVERSIDADE DE MÚSICAS
À medida que os alunos escutam e executam uma vasta gama de trechos musicais, escutam também e executam entre si padrões tonais e rítmicos; em alguns casos, o professor estabelece a tonalidade ou a métrica e os alunos fazem a audiação dos padrões numa sintaxe. Outras vezes, os alunos assimilam os padrões numa tonalidade ou métrica que, seguidamente, eles próprios identificam. Outras vezes ainda podem cantar, entoar, ou passar para padrões tonais ou rítmicos familiares, ou mesmo dar resposta a padrões que não lhes são familiares.
[ Edwin Gordon ]
ESCRITA MUSICAL
A escrita musical é, portanto, uma ferramenta fundamental para registar as nossas criações musicais e partilhá-las com os outros, mas é também um instrumento essencial que permite o acesso a um vasto repertório musical de diferentes estilos.
[ José Carlos Godinho ]
EDUCAÇÃO
A educação monocultural revela poucas hipóteses no desenvolvimento da imaginação, não lhes proporcionando, dessa forma, a capacidade de conhecer alternativas. Eliminando a conciência de alternativas, a educação monocultural limita a imaginação e cultiva a ilusão de que o mundo se restringe ao seu próprio mundo e que a única forma natural de fazer estas coisas é a forma tradicional.
[ Maria do Rosário Sousa ]
ENCENAÇÃO
Um espetáculo musical vive do que se ouve, mas também do que se vê. É importante que a cena se desenrole num ambiente adequado, que pode ser enriquecido não só com cenários e adereços mas também com jogos de luz. As roupas dos intérpretes é também crucial na encenação e contribui decisivamente para o profissionalismo do espetáculo.
[ José Carlos Godinho ]
ENSINO
No ensino de uma peça, cada parte trabalhada com mais pormenor, deve estar relacionada com a sua totalidade; não se ensinam a melodia de uma canção numa aula, o texto, o acompanhamento e o movimento nas aulas seguintes. Será preferível ensinar uma canção mais curta, mas executar a sua totalidade.
[ Graça Boal Palheiros ]
ESPETÁCULO
Um espetáculo de fraca qualidade musical pode ter efeitos contrários em todos os aspectos referidos. Neste sentido, é necessário que os professores assegurem várias condições para levar a cabo projetos musicais que culminem em apresentações públicas.
[ José Carlos Godinho ]
EXPERIMENTAÇÃO, IMPROVISAÇÃO E COMPOSIÇÃO
A experimentação, a improvisação e a composição são outros aspectos essenciais no desenvolvimento das aprendizagens e das competências artístico-musicais. No entanto a liberdade que este tipo de trabalho comporta assenta não só na utilização de material e experiências de aprendizagens diversificadas como também na organização do material sonoro e musical de um modo cada vez mais estruturado.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
EXPRESSIVIDADE
A música enquanto arte enriquece a vida humana. A expressividade e a musicalidade da criança devem ser estimuladas, e a relação entre a música e outras artes (teatro, drama, mímica, dança, pintura, literatura…) contribui também para desenvolver a sensibilidade artística e estética da criança.
[ Graça Boal Palheiros ]
EXPRIMIR
A música é uma expressão de emoção e as palavras uma expressão do pensamento. Mantenha-se em contacto com a música que o seu filho ouve. Junte-se a ele de vez em quando e ouça a sua música favorita. Pergunte-lhe porque é que determinada canção é importante, quais as partes da letra de que ele mais gosta. Esta é uma forma de comunicar com o seu filho e aperceber-se de coisas que de outro modo não saberia acerca dele.
[ Jamie Blumenthal ]
FINALIDADES DA MÚSICA
São finalidades do ensino da Música no 1º ciclo do Ensino Básico:
> Desenvolver competências de discriminação auditiva abrangendo diferentes códigos convenções e terminologias existentes nos mundos da música;
> Desenvolver competências vocais e instrumentais diversificadas, tendo em conta as diferentes épocas, estilos e culturas musicais do passado e do presente;
> Desenvolver competências criativas e de experimentação;
> Desenvolver competências transversais no âmbito da interligação da música com outras artes e áreas do saber;
> Desenvolver o pensamento musical.
[ António Ângelo Vasconcelos, OPEM1CEB ]
GRAUS DE DIFICULDADE
As canções, as peças instrumentais ou os exercícios rítmicos e melódicos, podem ser mais simples ou mais complexos, e o seu grau de dificuldade deve ser adaptado às características das crianças.
[ Graça Boal Palheiros ]
GRUPO
As crianças gostam de trabalhar em grupo, que representa um apoio, sobretudo para as que são mais tímidas ou têm mais dificuldades. A comunidade é um meio privilegiado de experiências sociais e a atividade musical realizada em grupo (cantar, tocar, dançar, ouvir, criar) contribui também para o desenvolvimento de competências sociais.
[ Graça Boal Palheiros ]
IMAGINAÇÃO
É na idade do 1º Ciclo que a imaginação deve ser estimulada; as oportunidades para o desenvolvimento emocional, que integram a experiência da capacidade para sentir e o poder de controlar a expressão desse sentimento, também devem ser proporcionadas. Tudo o que uma criança experimenta nessa idade, tudo o que é despoletado e alimentado é um factor determinante para toda a vida.
[ Carl Orff ]
INFÂNCIA
Não será surpresa que as crianças que tenham tido menos oportunidades para cantar ou que lhes cantassem, entrarão muito provavelmente na escola como cantores menos competentes. Infelizmente, este último grupo será mais facilmente rotulado de “não-musical” por adultos insensíveis e mal informados. Comentários negativos de tais professores com base na observação da capacidade de cantar, gera humilhação pública em frente dos amigos e colegas e uma sensação de vergonha e inadequabilidade que poderá levar a que tenha, durante toda a vida, uma auto-perceção de incapacidade musical.
[ Graham Welsh ]
INSTRUMENTOS
Quer os instrumentos rítmicos feitos em casa quer os comprados na loja, como tambores e clavas, podem ser postos à disposição das crianças para as incentivar a acompanhar o seu próprio canto e movimento, podendo os pais e professores participar nessas atividades.
[ Edwin Gordon ]
INVENÇÃO DE MELODIAS SIMPLES
A invenção de melodias simples pode muito bem fazer-se, sobretudo a partir de certos ritmos corporais, dados ou inventados, ou então, o que é ainda mais natural, partindo de pequenas poesias ou de frases, que podem vir da própria criança.
[ Edgar Willems ]
HARMONIA
As leituras devem ser acompanhadas com instrumentos harmónicos tocados ao vivo ou com orquestrações previamente gravadas. Isto atribui um significado harmónico às notas e às melodias.
[ José Carlos Godinho ]
IMPROVISAÇÃO
As atividades de improvisação e composição exigem algum treino e alguma técnica, o que pressupõe a realização de exercícios. Na sala de aula, os professores não podem pedir às crianças que ‘inventem uma música’ a partir do nada. Deverão dar alguns exercícios, exemplos, e sugestões, que sirvam como modelos, e que ofereçam uma base a partir da qual as crianças possam mais facilmente criar música.
[ Graça Boal Palheiros ]
INSTRUMENTO
Aprender a tocar um instrumento pode fornecer-nos um sentido de auto-estima e ajudar a desenvolver capacidades importantes. Ler música ajuda a desenvolver capacidades matemáticas, de leitura e de coordenação “olhos-mãos”. Tocar um instrumento desenvolve a coordenação motora, e se o instrumento for de sopro, podem também tornar-se mais desenvolvidas as capacidades motoras orais. Um estudo recente de crianças em idade pré-escolar mostrou que as aulas de piano desenvolviam o seu raciocínio espacio-temporal.
[ Jamie Blumenthal ]
INTERPRETAÇÃO
Na interpretação de canções, sobretudo com crianças, pode associar-se o movimento ao canto: os gestos, a mímica, a percussão corporal, as danças, o movimento livre, que as crianças fazem com prazer, são altamente motivadores e formativos. Para a interpretação vocal em coro, é necessário treinar outros aspectos. Além de cantar afinada, correta e musicalmente, a criança deve ter uma postura correta, estar atentas às indicações do professor e ouvir os colegas.
[ Graça Boal Palheiros ]
LEITURA E ESCRITA NA PAUTA
A leitura e escrita na pauta deverá, sempre que possível e desejável, constituir-se como atividade regular nas aulas de educação musical, articulando-se com as atividades de interpretação vocal, corporal e instrumental, de composição ou mesmo de audição musical. Essa articulação e regularidade, atribuirão à música escrita a sua importância, a sua utilidade e permitirão uma aprendizagem eficaz por parte das crianças.
[ José Carlos Godinho ]
LINGUAGEM
A música pode ser usada para ensinar e melhorar o discurso e a linguagem. Ela incorpora ritmo, tom e palavras, todos parte do discurso e da linguagem. Ambos os lados do cérebro são usados com música, logo a informação pode ser aprendida através da música e eventualmente transferida para o discurso e para a linguagem.
[ Jamie Blumenthal ]
LITERACIA MUSICAL
O desenvolvimento da literacia musical constitui-se como o grande objectivo do ensino da música no 1º ciclo do Ensino Básico. A literacia musical além de significar uma compreensão musical determinada pelo conhecimento de música, sobre música e através da música, engloba também competências da leitura e escrita musicais.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
MELODIA E HARMONIA
A melodia e a harmonia devem poder achar um apoio sólido numa educação sensorial auditiva, tornada concreta por meio de um material auditivo tal como nos oferecem certos métodos modernos de educação musical. Isto não significa de forma alguma que o sensorial deva prevalecer sobre o resto. A natureza da música é de outra ordem, mas ela requer a sensorialidade como meio de utilizar a matéria sonora com inteligência e sensibilidade.
[ Edgar Willems ]
MELODIAS E ACORDES
Muitas melodias fazem pressentir os acordes (escalas, modos, intervalos melódicos); uma melodia cantada em cânone é também uma preparação para a harmonia; vêm em seguida as canções a duas vozes, por vezes exclusivamente em terceiras.
[ Edgar Willems ]
MEMÓRIA
É necessário desenvolver a memória musical, fundamental para a audição e a compreensão da música. O facto de se ver uma representação gráfica da totalidade da música é uma ajuda preciosa para a audição. Vários estudos de investigação têm revelado que a audição com a apresentação simultânea de materiais visuais (esquemas da música, gravações video de performances) melhora a perceção musical e ajuda a compreender a totalidade da música.
[ Graça Boal Palheiros ]
MÚSICA E DESENOLVIMENTO PESSOAL
A música estimula o crescimento de estruturas do cérebro e liga muitas áreas cerebrais ativadas. A prática musical requer uma óptima coordenação motora e melhora o círculo fonológico. Não é uma questão de ser processada no hemisfério esquerdo ou direito do cérebro, porque ela promove uma forte interligação e coerência dos dois hemisférios. Como demonstra o tratamento de crianças com implantes da cóclea, a música funciona como um estímulo altamente diferenciado para o cortex auditivo subdesenvolvido.
[ Wilfried Gruhn ]
MUSICOGRAMA
Integrando a metodologia da audição musical ativa, o musicograma utiliza as vantagens da perceção visual para apoiar a perceção auditiva, sendo a sua elaboração baseada em princípios psicológicos da perceção visual. O termo ‘musicograma’ significa a representação gráfica do que se passa na música, segundo o princípio de representar o tempo no espaço.
[ Graça Boal Palheiros ]
NOTAS MUSICAIS
A aprendizagem das notas poderá ser feita através de uma sequência gradual, facilitando, da mesma maneira, a aprendizagem instrumental por etapas pré-estabelecidas.
[ José Carlos Godinho ]
MOVIMENTO
Além de encorajar as crianças a escutar música, os pais e os professores devem encorajá-las a proceder a uma série de atividades de movimento.
O movimento desenvolve a sua coordenação física e esta é essencial para o movimento continuado e fluido que as prepara para o desenvolvimento rítmico.
[ Edwin Gordon ]
LINGUAGEM E POESIA
A linguagem e a poesia, que têm estado muitas vezes ligadas à música e que a têm inspirado, são também fontes fecundas para o ritmo musical; elas têm conservado no compositor uma flexibilidade que a métrica clássica tantas vezes tem banido.
[ Edgar Willems ]
ORGANIZADORES DAS APRENDIZAGENS
De acordo com o Currículo Nacional do Ensino Básico, as aprendizagens e as competências que as crianças vão adquirindo e desenvolvendo ao longo do 1º ciclo do ensino Básico apresentam-se em torno de quatro organizadores:
• Perceção sonora e musical
• Interpretação e comunicação
• Experimentação e criação
• Culturas musicais nos contextos
[ António Ângelo Vasconcelos ]
ORIENTAÇÕES PROGRAMÁTICAS
As actuais orientações programáticas para a educação musical no ensino genérico, não só em Portugal como em muitos outros países, apontam para um ensino da música estruturado em torno de três eixos fundamentais: composição, audição e interpretação. Os principais pressupostos desta orientação de trabalho assentam na ideia que estes três domínios constituem as três áreas possíveis de experiência musical directa.
[ José Carlos Godinho ]
OUVIDO
A canção deve ser aprendida de ouvido, por imitação, porque o treino auditivo e a memória são fundamentais. A observação da partitura da canção pode ser também uma introdução à notação musical, através da leitura das notas. O processo a realizar pelos alunos será ouvir, imitar, cantar, observar, consciencializar, cantar, aprender.
[ Graça Boal Palheiros ]
PALCO
Nem sempre as escolas têm salas apropriadas para a realização de espetáculos nas melhores condições, tendo os professores que improvisar em espaços que nem sempre oferecem as melhores condições. É importante que se garantam, no entanto, condições para quem actua e para quem assiste. O público deve estar bem sentado e ter uma boa visibilidade da cena.
[ José Carlos Godinho ]
PARTITURAS
É fundamental a utilização de instrumentos para com eles proceder também à leitura das partituras. A leitura na pauta ganha assim uma importância e pertinência muito maior, já que as crianças percebem de imediato a sua utilidade prática.
[ José Carlos Godinho ]
PERCEÇÃO AUDITIVA E AUDIAÇÃO
A perceção auditiva tem lugar quando ouvimos realmente um som, no momento em que está a ser produzido. Mas só audiamos realmente um som depois de o termos auditivamente apercebido. Na perceção auditiva lidamos com acontecimentos sonoros imediatos. Na audiação, porém, lidamos com acontecimentos musicais que podem não estar a ocorrer na altura.
[ Edwin Gordon ]
PERTENÇA
A música faz parte da educação das crianças e dos jovens pelas mesmas razões que a linguagem e os números – para alargar e solidificar o sentimento de pertença de cada um ao grupo social e contribuir para a cultura da qual a sociedade depende para a sua unicidade e unidade.
[ J. Terry Gates ]
PLANIFICAÇÃO DE ATIVIDADES MUSICAIS
Na planificação das atividades musicais considera-se fundamental que o professor tenha em conta:
– o que os alunos vão aprender;
– como vão aprender;
– o repertório que vão estudar;
– as competências adquiridas.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
PLURALIDADE CULTURAL
A educação musical escolar terá mais sucesso se abranger quer a pluralidade de culturas musicais dentro da comunidade quer as preferências individuais iniciais das crianças por determinados tipos de música (e de canções). A música e as práticas musicais populares são geralmente deficientemente representadas na música na escola, o que conduz a uma ligação inadequada entre os interesses e as identidades musicais dos alunos e os currículos com que contactam. As crianças pequenas gostam de canções dinâmicas, e frequentemente usam as canções para fins específicos e indivíduos que se relacionam com as suas atividades.
[ Graham Welsh ]
POPULAR
Os pais e os professores não devem subestimar o valor da música popular porque, além de ajudar os adultos a recuperarem o entusiasmo pela música da sua infância, a música popular tende a ter uma pulsação forte e estável, a que as crianças são capazes de responder.
[ Edwin Gordon ]
POTENCIAL
Se o potencial inato duma criança não for desenvolvido até aos nove anos – e quanto mais cedo melhor -, as influências do meio ambiente deixarão de ter qualquer efeito sobre esse potencial.
[ Edwin Gordon ]
PRÁTICA INSTRUMENTAL
A prática instrumental é outra dimensão importante na aprendizagem e no desenvolvimento das competências da criança. A introdução da aprendizagem dos instrumentos efectua-se de modo gradual e adequado aos diferentes tipos de desenvolvimento cognitivo, sensório-motor e técnico artístico. É necessário tempo para apropriar os diferentes tipos de técnicas, tocar em conjunto, explorar os instrumentos, para praticar e para melhorar os desempenhos.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
O processo de ensino e aprendizagem da educação musical consiste na interação de um conjunto de atividades relacionadas com a audição, interpretação e composição. Esta interação caracteriza-se por três aspectos essenciais: O primeiro é que todas estas atividades são atividades criativas; o segundo, diz respeito ao facto de que as práticas musicais podem envolver mais do que uma atividade em simultâneo. O terceiro e último aspecto diz respeito ao facto de ouvir, interpretar e compor estar interligado com os contextos de criação e ação artística.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
PROGRAMA
É também importante que a informação do que for interpretado no espetáculo seja partilhada com o público, quer através da narração durante a atuação, quer através de programas a distribuir aos assistentes. Aqui devem constar os títulos das peças, o nome dos compositores e o nome dos intérpretes e até algumas notas de programa pertinentes.
[ José Carlos Godinho ]
PROJETO
O projeto curricular de escola deverá ter em conta as o Programa de Expressão e Educação Musical do 1º ciclo e as Orientações Programáticas para o ensino da música que é o terceiro nível de concretização do currículo e que por sua vez precede a programação da aula. É fundamental que se parta dos interesses dos alunos, das suas capacidades e do seu desenvolvimento psicossocial. As orientações programáticas para o ensino da música partilham com o projeto curricular da escola, os mesmos fins e contêm, principalmente, os objectivos, as competências específicas a desenvolver, os conteúdos e os critérios de avaliação.
[ Manuela Encarnação ]
QUALIDADE
Face às orientações metodológicas do currículo, a implementação e desenvolvimento desta dinâmica tripla de composição, interpretação e audição em sala de aula constitui uma directiva que deve ser cumprida. De qualquer modo, é fundamental que, acima de tudo, o professor esteja atento à qualidade dos desempenhos musicais, sejam eles nas áreas da criação, da execução ou da análise.
[ José Carlos Godinho ]
REPERTÓRIO
O público espera mais de um grupo de intérpretes de 9 anos do que de um grupo de 6 anos. Tal como o público, também as crianças sentem essa exigência e obrigação, pelo que um repertório muito fácil ou infantil pode desmotivar crianças mais crescidas ou contribuir para o desenvolvimento de inibições.
[ José Carlos Godinho ]
REPRESENTAÇÃO
A representação gráfica do som faz parte de um percurso que se inicia pelo registo do gesto livre, ganha gradualmente concisão e poder comunicativo, organizando-se em conjuntos de sinais e símbolos. A utilização de símbolos de leitura e escrita musical e o domínio de géstica adequada, decorrentes da prática musical contemporânea deve, quando possível, ser integrada.
[ Organização Curricular e Programas do 1º Ciclo do Ensino Básico ]
RÍTMICA
Na educação rítmica de todos os graus, desde os pequeninos até aos profissionais, o ritmo puro, pré-musical – que se acha também nas outras artes e na natureza – pode vivificar o músico. (…) Os ruídos da natureza, a água sob os seus diversos aspectos tais como a chuva, os ribeiros, os rios, as ondas do mar; as avalanchas, as erupções vulcânicas, o trovão.
[ Edgar Willems ]
RITMO, MELODIA, HARMONIA E TIMBRE
A música tem quatro elementos essenciais: o ritmo, a melodia, a harmonia e o timbre, ou colorido tonal. Essses quatro ingredientes são a matéria-prima do compositor. Ele trabalha com eles do mesmo modo que qualquer outro artesão trabalha os seus materiais.
[ Aaron Copland ]
SIGNIFICADO DA MÚSICA
É aprendendo a escutar e a identificar padrões na música que os alunos se preparam para ouvir e executar com compreensão o repertório musical comum, em vez de simplesmente aprenderem de cor e imitando memorizando, sem lhe atribuirem significado musical. Ao atribuir significado à música, os alunos são capazes não só de tocar boa música de outrem mas também de compor a sua própria música.
[ Edwin Gordon ]
SOM
Som em si mesmo não é música. O som só se converte em música através da audiação, quando, como com a linguagem, os sons são traduzidos na nossa mente.
[ Edwin Gordon ]
SUCESSO ESCOLAR
Os cientistas afirmam que as crianças expostas à música, ou que tocam um instrumento, têm mais sucesso na escola do que as outras crianças. Pesquisas recentes sugerem que a exposição à música beneficia a iniciação à leitura, o QI e o desenvolvimento de certas partes do cérebro.
[ Espie Estrella ]
TÉCNICA INSTRUMENTAL
O instrumento, particularmente o piano, ajuda a concretizar os elementos mais ou menos abstractos da música. A técnica instrumental, feita num sentido musical e vivo, pode ser uma fonte de prazer.
[ Edgar Willems ]
TESTE
Seja qual for o valor dum teste, este pode ser utilizado erradamente e negar oportunidades às crianças, ou estigmatizá-las como lentas ou incapazes de atingir as exigências duma aula normal.
[ Edwin Gordon ]
TOCAR
Tocar um instrumento ou participar num programa musical na escola (ou incorporar a música nas atividades da sala de aula em áreas como História ou Ciências), tem provado exercer efeitos muito positivos ao nível da aprendizagem, da motivação e do comportamento.
[ Don Campbell ]
TODAS AS CRIANÇAS CONSEGUEM
O pressuposto é que todas as crianças conseguem desenvolver competências no domínio musical, embora em patamares diferenciados. Ou seja, todas as crianças podem desenvolver o mesmo tipo de competência. A diferenciação situa-se nos diferentes níveis de aprofundamento alcançados.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
UNÍSSONO OU A VOZES “A CAPELA”
Cantar em uníssono ou a vozes sem acompanhamento instrumental é igualmente uma atividade rica e fundamental com vista à afinação, à entoação, ao canto coral e à audição interior.
[ José Carlos Godinho ]
VOCAL
A prática vocal está no centro da aprendizagem musical ao longo do primeiro ciclo. Sendo a voz um dos instrumentos principais a utilizar, ela pode ser explorada de diferentes modos contribuindo para o seu bom desenvolvimento. Se numa fase inicial a criança utiliza um âmbito vocal relativamente reduzido, o trabalho a desenvolver deve potenciar o seu incremento através do canto a uma ou a mais vozes, a capela e com acompanhamento instrumental.
[ António Ângelo Vasconcelos ]
VOCALIZOS E DICÇÃO
Para uma dicção correta deve-se sempre incluir nos vocalizos exercícios que descontraiam a língua: exercícios para o legato com vogais e exercícios de articulação de consoantes. Estes exercícios devem ter em conta a sequência de movimentação da língua, ou seja: “I, E, A, O, U”, que leva a um contínuo abaixamento e alargamento da língua. Fazer exercícios em “Ri, ré, rá, ró, ru” ou “Li, lé, lá, ló, lu”, para a ponta da língua, e em “Qui qué cá, có, cu”, para a base da língua, e também exercícios para a descontração do maxilar inferior.
[ Joana de Quinhones Levy ]
VOZ E CORPO
A voz é o instrumento mais natural, que todos possuímos e devemos desenvolver. Em primeiro lugar, estão a voz e o corpo e em segundo lugar, os instrumentos, que representam a extensão do corpo e devem apoiar o canto, não substituindo a expressão vocal. É fundamental cantar bem e ensinar as crianças, desde pequenas, a cantar correta e expressivamente. Como as crianças aprendem a cantar essencialmente por imitação, é essencial que o professor treine a sua voz, para poder cantar bem, emitindo um som de boa qualidade.
[ Graça Boal Palheiros ]
Reciclanda em Santiago do Cacém, 2025
https://www.lenga.pt/wp-content/uploads/2022/06/reciclanda-santiago-do-cacem-2025.jpg400400António Ferreirahttp://lenga.pt/wp-content/uploads/2022/05/lenga-80x80.jpgAntónio Ferreira2022-06-30 00:27:002025-10-27 17:27:25Dicas para o Ensino
Excerto de Música Tradicional na Iniciação Musical, por Ana Sofia Alves Amorim Lopes, 2014
O Método Húngaro começou a ser desenvolvido apenas nos finais de 1940, apesar das recolhas etnomusicológicas de Kodály e Bartók terem começado em 1905 e de Kodály ter escrito textos e materiais didácticos a partir dos anos 20. Diferentes factores conduziram o pedagogo húngaro e seus colaboradores a elaborar este novo sistema público de ensino da música, sendo central a necessidade de reforçar a identidade cultural nacional.
Durante séculos a Hungria foi ocupada por diferentes povos, tendo perdido a sua independência para o Império Otomano, para a Áustria, a Alemanha Nazi e a URSS. Os húngaros viram o seu território reduzido para um quarto, em 1920, pelo Tratado de Trianon. Sob o domínio austríaco, a população, sobretudo a citadina, passou a falar maioritariamente o alemão e não o húngaro. No início do século XX, Kodály viu na música um meio que possibilitava a unificação do povo húngaro, através de uma cultura comum que incluía a língua e as tradições musicais. A voz – o instrumento musical acessível a todos – seria essencial em todo este processo.
Foi neste contexto que Béla Bartók e Zoltán Kodály fizeram recolhas sistemáticas de música tradicional da Hungria e países vizinhos e começaram a harmonizar melodias tradicionais e a compor a partir dos materiais recolhidos. Conscientes de que a estética da sua música não seria compreendida pelo público húngaro, sentiam a necessidade de o educar culturalmente, dando-lhe acesso a uma educação musical baseada na música tradicional e na música erudita, para formar músicos e ouvintes esclarecidos.
Apesar de ser conhecido como “Método Kodály”, o Método Húngaro resultou de um trabalho etnomusicológico feito inicialmente com Bartók e depois com discípulos de ambos, e de uma organização pedagógica orientada por Kodály e feita com a colaboração de professores, entre os quais se destacam Jenő Ádám, Katalin Forrai e Erzsébet Szőnyi.
Os princípios e os objectivos deste método de educação musical foram enunciados por Kodály. Seleccionou técnicas utilizadas noutros países da Europa, como as desenvolvidas por Guido d’Arezzo (991/2-depois de 1033) e Angelo M. Bertalotti (1666-1747) em Itália, Sarah Glover (1786-1867) e John Curwen (1816-1880) no Reino Unido, Émile Chevé (1804-1864) em França e Fritz Jöde (1887-1970)7 na Alemanha. Mais tarde, seguiu os princípios pedagógicos de Émile Jacques-Dalcroze (1865-1950), no que respeita ao movimento, que enformam o método conhecido como A Rítmica de Dalcroze (Dalcroze’s Eurhythmics). (…)
Princípios do CEMK
Os princípios do Conceito de Educação Musical de Kodály são citados por diversos autores. Salientam-se os seguintes princípios:
“Se quiséssemos tentar expressar a essência desta educação numa só palavra, ela só poderia ser – cantar.” (Kodály).
O canto a cappella é a melhor actividade para desenvolver as competências musicais.
A aprendizagem deve começar com a música tradicional do próprio país para formar a “língua-materna musical” (Kodály), e para posteriormente estabelecer paralelos com a música erudita.
A música utilizada na aula deve ser de grande qualidade e de elevado valor artístico.
Quanto mais jovem for a criança, mais eficiente é a educação musical.
O currículo de educação musical deve ter em conta as fases de desenvolvimento da criança, acompanhando o desenvolvimento das suas capacidades físicas, mentais e emocionais.
A música contribui para o bem-estar geral, para o desenvolvimento intelectual, físico, estético e social da criança, bem como para a sua felicidade.
A música é um bem de todos e não apenas de uma elite.
Objetivos do Método Húngaro
Os objectivos do Método Húngaro também são referidos por vários autores. Destacam-se os seguintes objectivos:
Encorajar a performance musical dos estudantes, sobretudo vocal e coral.
Promover a literacia musical.
Dar a conhecer à criança a música tradicional húngara e a música erudita ocidental.
Alargar os horizontes estético-musicais da criança.
Promover um desenvolvimento social e artístico equilibrado.
Formar músicos profissionais e ouvintes esclarecidos.
(…)
Excerto de Música Tradicional na Iniciação Musical – Uma Proposta de Ordem de Aprendizagem Projecto de Aplicação do Método Húngaro no Ensino Especializado da Música, por Ana Sofia Alves Amorim Lopes, sob orientação de Cristina Brito da Cruz, 2014
Pedagogia Musical moderna”Centradas na experiência como construção do conhecimento, surgiram a ‘Rítmica’ de Émile Jaques-Dalcroze, a ‘Pedagogia Willems’ de Edgar Willems, a ‘Língua Musical Materna de Zoltán Kodály e a ‘Schulwerk’ de Carl Orff.
Subjacentes a estas abordagens pedagógico-musicais, enquanto marcos da Pedagogia Musical moderna, inúmeros princípios basilares coexistem. Salientam-se oito pontos comuns:
1) A praxis antecede sempre a theoria.
2) A importância da valorização de material sonoro familiar à criança, ao qual se associam, posterior e gradualmente, novas ideias musicais.
3) A integração da música com outras formas de expressão, como a linguagem falada, o movimento e a dança.
4) A importância da linguagem, não só como expressão artística, mas como processo de aprendizagem e valorização da língua materna.
5) O movimento e o corpo são inseparáveis da prática musical.
6) A motivação, o prazer e os aspectos lúdicos passam a ser valorizados e considerados factores fundamentais do processo ensino/aprendizagem.
7) A música é para todos – A democratização e laicização da música não exclui ninguém e proporciona, ao maior número possível de pessoas, independentemente da sua idade, ou estrato social, o acesso ao universo da música.
8) Valorização dos processos de aprendizagem, da prática musical (vocal e instrumental) e da criação/improvisação deixando para segundo plano, o resultado ou produto musical final.
O êxito de algumas ideias pedagógico-musicais do século XX, – Dalcroze, Willems, Kodály e Orff, entre outros –, reside na essência musical ativa que lhes está inerente. Apresentando-se como abordagens pluridimensionais, estas ideias promovem o êxito e fortalecem a vivência da música por vias diferenciadas (vocal, instrumental e corporal). Deste modo, favorecem a construção de um universo educativo que assenta em diversificadas formas de estimulação, tendo presente que, à medida que se desenvolvem, as crianças passam por vários estados/fases que estabelecem os fundamentos da inteligência, da moral, da saúde emocional e das competências académicas.
Nesse sentido, ilustrando o carácter interativo e integrado de processos de ensino/aprendizagem centrados na infância e nas suas diversas etapas, abordagens e métodos de ensino da música mais teóricos deram lugar, de forma progressiva, a pedagogias ativas. Alicerçadas na Psicologia do Desenvolvimento e, por conseguinte, nas diversas fases de evolução psicossomática da criança, estas abordagens ativas reconheceram a criança como ser dotado de características próprias e não como um adulto incompleto, tendo também em linha de conta aspetos relativos à interdependência corpo/mente/emoção/meio.
Pedagogias musicais ativas
Abordagem Orff-Schulwerk: História, Filosofia e Princípios Pedagógicos / João Cunha, Sara Carvalho, Verena Maschat. – Aveiro: UA Editora, 2015.
https://www.lenga.pt/wp-content/uploads/2022/06/pedagogias-musicais-ativas.jpg400400BlendUp_admnistrador-2021http://lenga.pt/wp-content/uploads/2022/05/lenga-80x80.jpgBlendUp_admnistrador-20212022-06-20 11:55:162022-07-04 11:16:25Pedagogia moderna
Excerto de Educação Musical no 1º Ciclo: O Ensino da Música através da sua Prática, por Ana Teresa Taumaturgo Brito de Araújo. Mestrado em Ensino de Educação Musical no Ensino Básico. Setembro de 2016
No ano de 1835 foi criado em Lisboa por Almeida Garrett o primeiro Conservatório. Durante 80 anos, era o único lugar onde se realizava o ensino de música de forma sistemática.
Em 1878, é introduzido no ensino primário o canto coral, que, em 1973, com a reforma educativa, é substituído por um sistema de Educação Musical baseado em conceitos que privilegiam a prática musical e defendem que esta deve preceder a teoria.
A Fundação Calouste Gulbenkian e APEM (Associação portuguesa de Educação Musical) representaram aqui um importante papel.
Contudo, segundo Graça Mota, foi em 1974 com a implementação da República que se deu a grande mudança no Ensino da Música em Portugal. Com a publicação da Lei de Bases do sistema educativo em 1986, ocorreram as mudanças mais significativas na Educação Musical, com a criação de cursos de formação de professores de Educação Musical nas Escolas Superiores de Educação dos Institutos Politécnicos.
Nas últimas décadas do séc. XX, com a influência do pensamento de vários autores, concluiu-se que o currículo da disciplina de Educação Musical deveria ser construído em torno das áreas de Audição, Interpretação e Composição, e ter em conta as experiências musicais dos alunos.
Segundo Graça Mota, com a publicação das Competências Essenciais do Currículo Nacional do Ensino Básico (Portugal, 2001) tornou-se clara a importância que a Música deveria assumir no currículo.
Em 2011, este documento foi revogado pelo Ministério da Educação, ainda que continue a ser usado como referência pelos professores de música do Ensino Básico.
A Educação Musical está presente no Ensino Básico do seguinte modo: no 1.º ciclo, a música não é trabalhada de forma sistemática, estando a cargo dos professores generalistas com pouca formação nesta área. A partir de 2006, todavia, o Ministério da Educação ofereceu a Educação Musical como disciplina extracurricular para este ciclo.
No 2.º ciclo, a disciplina é lecionada por um professor especialista e ocupa uma carga letiva de até 3 horas semanais.
Já no 3.º ciclo, a música só surge em algumas escolas e de acordo com a disponibilidade de horário e existência de um professor de Educação Musical.
Na última reforma Curricular (Portugal 2012) a música foi erradicada como disciplina no 9.º ano e, no ensino Secundário surge apenas como opção num reduzido número de estabelecimentos de ensino. (…)
Crianças tocando flauta de bisel
https://www.lenga.pt/wp-content/uploads/2022/06/criancas-tocando-flauta-de-bisel.jpg400400BlendUp_admnistrador-2021http://lenga.pt/wp-content/uploads/2022/05/lenga-80x80.jpgBlendUp_admnistrador-20212022-06-20 11:43:102025-09-03 15:01:07Ed. Musical em Portugal
Excerto de O ensino da Música no 1.º Ciclo do Ensino Básico: Das orientações da tutela à prática lectiva. Dissertação de Mestrado em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores Dina Maria de Oliveira Soares. Coimbra, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade de Coimbra 2012.
Nas Pedagogias Integradas inclui-se Émile Jacques-Dalcroze (1865-1950), a quem se deve o primeiro modelo de ensino da Música no qual o movimento corporal desempenha um papel preponderante.
Dalcroze foi influenciado pelas ideias filosóficas da sua época, nomeadamente na que defendia que o mais importante no indivíduo era a sua capacidade de pensar e decidir, pelo que educar seria ajudá-lo a conhecer-se e, para se realizar, devia participar em todas as actividades de forma equilibrada, devia sentir-se como parte activa do mundo e encontrar soluções de acordo com o ritmo de vida e as suas necessidades.
Assim, este compositor e educador, tentou unir os sentimentos e inteligência ao corpo, à acção e aos sentidos. Com 27 anos de idade, professor no Conservatório de Música de Genebra e já compositor reconhecido, Dalcroze começou a observar os seus alunos atentamente, tendo detectado que os melhores reagiam física e espontaneamente quando executavam ou ouviam música. Assim, desenvolveu actividades simples como caminhar a uma velocidade de acordo com o compasso, para ver até que ponto existia uma relação entre um estímulo rítmico/sonoro e uma reacção de kinestesia (de kines = movimento, thesia = consciência).
Animado com os resultados que obteve, continuou as suas observações mas, agora, em relação ao treino vocal e auditivo, à aprendizagem da teoria, análise, leitura e escrita musical, usando sempre exercícios físicos.
Chegou à conclusão que a realização de experiências corporais era fundamental na aprendizagem e execução musical (M. Sánchez) e percebeu que o primeiro instrumento musical que se deveria treinar era o corpo.
Assim, criou o conceito de Eurritmia, que estuda os elementos da Música através do movimento: o som musical começa com um movimento e há um gesto para cada som e um som para cada gesto.
A Eurritmia é, desta maneira, um meio para atingir a plena musicalidade através da actividade física e de movimentos improvisados pelos alunos.
Dalcroze estabeleceu a sua própria metodologia, que relaciona o tempo espaço e energia. Esta metodologia tem duas componentes: uma, de iniciação rítmica dirigida às crianças mais pequenas, em que toda a turma realiza jogos e exercícios rítmicos e serve para desenvolver a educação rítmico/motriz, memória espacial, corporal, e a lateralidade; a outra componente diz respeito à aplicação do trabalho rítmico ao estudo de um instrumento musical, em que há uma ênfase no trabalho da pulsação, acentuação dos sons, frases e compassos.
Tais ideias influenciaram o ensino da Música em todo o mundo, particularmente o ensino das crianças mais pequenas, tornando-se a Eurritmia um método de Educação Musical na qual os movimentos corporais apoiam a aprendizagem.
Segundo Sánchez, a Eurritmia veio “facilitar y reforzar la comprensión de conceptos musicales; tomar conciencia y facilitar las demandas físicas de una ejecucion musical; estimular la expresión individual a través de la improvisación corporal, vocal e instrumental…e creo que sus principios facilitan al alumno el estudio de las bases teóricas y formales de la música porque pueden transferir estos conceptos abstractos en significativas experiencias fisicas que son fáciles de recordar”.
Assim, a Eurritmia, constituída por três elementos essenciais: os sons, o movimento e a coordenação, permitindo um desenvolvimento musical harmonioso, foi alargada a todas as idades e aos diferentes níveis da aprendizagem da Música.
Excerto de O ensino da Música no 1.º Ciclo do Ensino Básico: Das orientações da tutela à prática lectiva. Dissertação de Mestrado em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores Dina Maria de Oliveira Soares. Coimbra, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade de Coimbra 2012.
Da mesma altura dos pedagogos Dalcroze e Kodály e com pontos em comum, encontra-se Justine Ward (1879-1975).
Justine Ward nasceu em Morristown (New Jersey) e foi nesta cidade que concluiu os estudos musicais. Conheceu Jacques Dalcroze e fez importantes recolhas de canções populares, que depois incluiu em livros para a infância.
O método que propôs, destinado a crianças dos seis aos catorze anos, permitiu que fosse reconhecida a importância da Música na educação e incluída no currículo de escolas primárias americanas. Tal método era baseado nos princípios da psicologia, nomeadamente no que defendia que educação devia ser activa e estimular o interesse e a curiosidade das crianças.
Em Portugal, foi introduzido por Júlia d’Almendra a partir de 1950, e teve como grande objectivo preparar musicalmente todas as crianças na vertente artística e espiritual, através de uma componente essencialmente prática.
Partindo do conhecido, motiva-se para a descoberta, dando-se destaque à voz porquanto é o primeiro instrumento que as crianças aprendem a explorar através de um conjunto de jogos vocais progressivos, adequados às suas capacidades. O ritmo é vivenciado pelo gesto e é dada grande importância ao processo de improvisação e ao de composição.