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Salte como um canguru,
salte lá sem se apoiar.
Só um dos marsupiais
é que poderá ganhar!
Depois de aprenderem o canto, as crianças deverão vivenciar com a mão os saltos melódicos, grandes nas sílabas sublinhadas dos versos 1, 2 e 4, e pequeno, no verso 3. Depois, um grupo de crianças canta enquanto outro, com as mãos à canguru, faz os saltos, grandes e pequeno.
ÍNDICE DE “BICHINHO DA MÚSICA”
A minha gatinha parda
A pega palrava
Alto, alto, a vaca
Berra a ovelha
Chegaram andorinhas
Coelhinho da Páscoa
Coelhinho novo
Cuco
Disse o galo
Diz um dia o galo
Havia um pescador
No campo havia um grilo
O bicho da seda
O meu pato mandarim
O pato pateta
O rouxinol
Os alegres passarinhos
Palram pega e papagaio
Piu piu, diz o pinto
Salte como um canguru
Sou agora uma preguiça
Sou um gato grande e gordo
Tenho alguns amigos
Tenho um gatinho
Tenho uma galinha pintada
Um macaquinho
Um pinguim
Uma raposa
Vamos, vamos ao zoo
Vem aí o gato
Voa a abelha
Voa, pica-pau
Voltou a primavera
MAIS CANÇÕES SOBRE ANIMAIS
A cabrinha subiu
A cabrinha subiu
p’ra cima do rochedo.
A cabrinha subiu
e superou o medo.
A cabrinha desceu.
Não tremeram os seus pés.
– Cabrinha,
que brava que tu és!
António José Ferreira ]
A Micas ao cão
[ A Micas do Trapo ]
A Micas ao cão
tem-lhe uma afeição
como ele fosse gente:
quando vai ao lixo,
leva sempre o bicho
que rosna p’rá gente.
Se vai pedir esmola
leva na sacola
o comer à certa:
quando a fome aperta,
come ela primeiro,
depois o rafeiro.
Oh! Micas do trapo
também és farrapo,
farrapo da vida
perseguindo em vão
sonhos que lá vão
na noite perdida!
Esse lixo agora
também foi outrora
desvelo e carinho,
foi rei ao seu jeito,
latejou no peito
como jorra o vinho.
E nas tuas mãos,
dedos bons irmãos
procuram, sem fim,
coisas de criança
onde ainda a esperança
não chegou ao fim.
A Micas ao cão
tem-lhe uma afeição
como ele fosse gente:
quando vai ao lixo,
leva sempre o bicho
que rosna p’rá gente.
Se vai pedir esmola
leva na sacola
o comer à certa:
quando a fome aperta,
come ela primeiro,
depois o rafeiro.
quando a fome aperta,
come ela primeiro,
depois o rafeiro.
Letra e música: Armando Estrela
Intérprete: Tereza Tarouca (in EP “A Micas do Trapo”, RCA Victor, 1971; 2LP “Álbum de Recordações”: LP 1, Polydor/PolyGram, 1985; CD “Temas de Ouro da Música Portuguesa”, Polydor/PolyGram, 1992)
A minha gatinha parda
[ Canção para crianças ]
A minha gatinha parda
inda ontem me fugiu.
Quem achou a minha gata?
Você sabe? Você viu?
O meu gato amarelo
inda ontem me fugiu.
Nunca vi gato mais belo.
Você sabe? Você viu?
Tradicional de Portugal ]
A pega palrava
A pega palrava,
a rola gemia,
o touro berrava,
a ovelha balia.
Belo concerto
com os animais!
O pombo arrulhava,
a vaca mugia,
o burro zurrava,
a abelha zumbia.
O tigre bramava,
o cachorro latia,
o pato grasnava,
o porco grunhia.
O rato chiava,
o mosquito zunia,
o mocho piava,
a onça rugia.
António José Ferreira ]
Agarrei o passarinho
[ O Passarinho ]
Agarrei o passarinho!
Agarrei o passarinho
antre a treia do centeio.
Ó ladrão que te regalas!
Ó ladrão que te regalas
com o passarinho alheio.
Sou ferreiro, faço ferro,
também faço vergas d’ aço!
Faço orelhas a meninos
sem medida nem compasso!
Sou poeta, planto versos,
também cavo muitas letras!
Faço línguas para os bichos
pr’a que digam muitas tretas!
Apanhei a joaninha!
Apanhei a joaninha
antre as folhas de um faval.
Ó ladrão que te regalas!
Ó ladrão que te regalas
c’a carocha no natal.
Acacei a formiguinha!
Acacei a formiguinha
antre as pedras do terreiro.
Ó ladrão que te regalas!
Ó ladrão que te regalas
c’o a trabalhinho alheio.
Sou ferreiro, faço ferro,
também faço vergas d’aço!
Faço orelhas a meninos
sem medida nem compasso!
Sou poeta, planto versos,
também cavo muitas letras!
Faço línguas para os bichos
pr’a que digam muitas tretas!
Intérprete: Chulada da Ponte Velha
Alentejo quando canta
[ Eu Ouvi o Passarinho ]
Alentejo quando canta
Peito dado à solidão
Traz a alma na garganta
E o sonho no coração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Alentejo, terra rasa
Toda coberta de pão
As suas espigas doiradas
Lembram mãos em oração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Alentejo quando canta
Peito dado à solidão
Traz a alma na garganta
E o sonho no coração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Alentejo, terra rasa
Toda coberta de pão
As suas espigas doiradas
Lembram mãos em oração
Eu ouvi um passarinho
Às quatro da madrugada
Cantando lindas cantigas
À porta da sua amada
Por ouvir cantar tão bem
A sua amada chorou
Às quatro da madrugada
Um passarinho cantou
Letra e música: Popular (Alentejo)
Intérprete: Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel (in EP “Cantes de Portel”, Orfeu/Rádio Triunfo, 1984; CD “Cantares Regionais de Portel”, Lusosom, 1993; CD “25 Anos a Cantar Portel”, Ovação, 2004; CD “O Melhor de Grupo Coral de Cantares Regionais de Portel”, Ovação, 2010)
Alto, alto! A Vaca dá um salto
Alto, alto,
a vaca dá um salto!
Alto, alto,
o burro dá um salto!
Alto, alto,
o coelho dá um salto!
Alto, alto,
o animal selvagem dá um salto!
Alto, alto,
o animal doméstico dá um salto!
As ovelhas
[ Ovelhudas ]
As ovelhas, lá no prado,
Terão todas seu pastar,
Terão todas seu pastar
No que o prado tem p’ra dar;
O pasto será de todas,
Mas de cada o paladar,
Mas de cada o paladar
No que o prado tem p’ra dar.
Ovelhudas e lanudas
Que o prado transformam em lã:
Lã fofa da cor da neve
Cardada à luz da manhã.
Bom ou mau ou muito ou pouco,
Nada escapa ao seu olhar,
Nada escapa ao seu olhar;
Param, andam a pastar…
E se o prado está pior
O seu melhor vão buscar,
O seu melhor vão buscar;
Param, andam a pastar…
Ovelhudas e lanudas
Que o prado transformam em lã:
Lã fofa da cor da neve
Cardada à luz da manhã.
Lá vai uma, lá vão duas,
Todas num só carreirinho,
Todas num só carreirinho;
Lá vêm, lá vão mansinho…
Olham as ervas do chão,
Ruminam devagarinho,
Ruminam devagarinho;
Lá vêm, lá vão mansinho…
Ovelhudas e lanudas
Que o prado transformam em lã:
Lã fofa da cor da neve
Cardada à luz da manhã.
Letra e música: Amélia Muge
Intérprete: Segue-me à Capela (in Livro/CD “San’Joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”, Segue-me à Capela/Fundação GDA/Tradisom, 2015)
Chegaram andorinhas
Chegaram andorinhas
e não vão parar.
Vão fazer o ninho
para aos filhos dar.
António José Ferreira ]
Coelhinho da Páscoa
[ Canção para crianças ]
Coelhinho da Páscoa,
que tens para me dar.
Tenho muita alegria
e ternura p’ra dar.
António José Ferreira ]
Coelhinho fofo
Coelhinho fofo,
se és meu amigo,
traz o teu filhote
p’ra brincar comigo.
A Páscoa é uma festa
de alegria e cor,
com muitas amêndoas
e com muito amor.
António José Ferreira ]
Cuco, cuco, oiço a cantar
Cuco, cuco,
oiço a cantar.
A Primavera
está a chegar.
Vamos todos
saltar, dançar.
Ru ru, ru ru,
oiço a cantar.
A Primavera
está a chegar.
Vamos todos
saltar, dançar!
António José Ferreira ]
O pulo do Lobo
Dias a fio andou
Por andar chegou
Em chegando viu
E então sorriu
A sorrir pensou
Por pensar agiu
Ao agir falou
“Diz-me andorinha,
Deste voo teu,
Se é dança ou feitiço,
Se me emprestas a vertigem
Dessa queda livre
Do teu voo raso
Desse Baile alado,
Sim?”
E saltou,
Ao saltar tremeu
A tremer subiu
Por subir desceu
E então caiu,
A cair bateu
Ao bater sentiu,
Ao sentir pensou
“Diz-me andorinha,
Sentes como eu?
O poder da terra
Na torrente, rodopio
Estilhaço o corpo
Num grito calado
Sob um manto de água,
Não?”
E voou
Eu vou dançar à tua porta
Vou acordar o teu sorriso
Quando soprar o vento frio
Eu vou deixar-te sem aviso
Vou partir
Eu hei-de ir por entre as nuvens
Bebendo a chuva, cortando o ar
P’ra descer num voo louco
Rasando as fragas
Cheirando a terra
Beijando o mar
E voou,
Por andar chegou
Ao saltar tremeu
Em chegando viu
E então caiu
Ao sorrir pensou
Ao bater sentiu
Ao agir falou
“Diz-me andorinha,
Deste voo teu,
Se é dança ou feitiço,
Se me emprestas a vertigem
Dessa queda livre
Do teu voo raso
Desse Baile alado,
Sim?”
E caiu
Eu vou dançar à tua porta
Vou acordar o teu sorriso
Quando soprar o vento frio
Eu vou deixar-te sem aviso
Vou partir
Eu hei-de ir por entre as nuvens
Bebendo a chuva, cortando o ar
P’ra descer num voo louco
Rasando as fragas
Cheirando a terra
Beijando o mar
Vou por entre as nuvens
Bebendo a chuva, cortando o ar
P’ra descer num voo louco
Rasando as fragas
Cheirando a terra
Beijando o mar
Disse o galo p’rà galinha
Disse o galo p’rà galinha:
casemos, ó priminha.
Sim, casaremos,
mas falta a madrinha.
Respondeu a cobra
lá da ribeirinha
que ela estava pronta
para ser madrinha.
– A madrinha já nós temos
e mui certa a temos.
Agora o padrinho,
onde nós iremos?
Respondeu o rato
do seu buraquinho
que ele estava pronto
para ser padrinho.
– O padrinho já nós temos
e mui certo o temos;
agora o carneiro,
onde nós iremos?
Respondeu o lobo
lá do seu lobal
que ele estava pronto
p’rò carneiro dar.
– O carneiro já nós temos
e mui certo o temos;
agora, ó carneiro,
onde nós iremos?
Responde a formiga
do seu formigal
que ela estava pronta
para o trigo dar.
– O pão trigo já nós temos
e mui certo o temos;
mas a cozinheira,
onde nós iremos?
Responde a raposa
por ser mais lampeira
que ela estava pronta
p’ra ser cozinheira.
– Cozinheira já nós temos
e mui certa a temos.
Não nos falta nada,
sim, sim, casaremos!
Tradicional ]
Diz o galo à galinha
Diz o galo à galinha:
Casaremos a nossa filhinha.
Casaremos ou não casaremos,
mas o noivo, onde o encontraremos?
Diz o gato que estava no lar:
Eu estou pronto para me casar.
Um bom noivo já nós temos cá.
A madrinha donde nos virá?
Diz a cabra da sua casinha:
Eu estou pronta para ser a madrinha.
A madrinha já nós temos cá.
O enxoval, donde nos virá?
Diz a aranha do seu aranhal:
Eu estou pronta p’ra dar o enxoval.
Enxoval já nós temos cá.
Bailarina donde nos virá?
Diz a mosca que andava no ar:
Eu estou pronta p’ra vir dançar.
Bailarina já nós temos cá.
O gaiteiro donde nos virá.
Diz o burro do seu palheiro:
Eu estou pronto para ser o gaiteiro.
Tradicional ]
Fui aranha coxa
[ Mãos de Aranha Coxa ]
Letra: Daniel Catarino
Música: Bicho do Mato
Intérprete: Bicho do Mato com Ana Miró (in CD “A Vingança do Bicho do Mato”, Bicho do Mato/Alain Vachier Music Editions, 2016)
Fui aranha coxa na chuva de Verão
De pata ao peito, grades no coração
Se é que o tenho, sei que a teia é só um lençol
Ou talvez enleio tosco de um aranhol
Ou teia que virou colcha
P’ra mim, aranha coxa
Fui aranha coxa numa teia qualquer
Espectadora no processo de envelhecer
Velha para a vida, nova para morrer
À espera que a sorte mude o que acontecer
Cabe a vida numa trouxa
Pobre aranha coxa!
Com mãos de aranha
Com mãos de aranha coxa
Eu vou tecendo
Vou tecendo
Velha para a vida, nova para morrer
À espera que a sorte mude o que acontecer
Ou que alguém varra atrás da porta
E eu vire aranha morta
Com mãos de aranha
Com mãos de aranha coxa
Eu vou tecendo
Vou tecendo
Vou tecendo
Vou tecendo
Vou tecendo
Vou tecendo…
Gri gri gri, estou cansado de estar aqui
Gri gri gri,
‘stou cansado de estar aqui.
Gri gri gri,
vou agora cantar ali.
António José Ferreira ]
No campo vi um grilo
No campo vi um grilo,
tiriti grilo, tiriti grilo.
Cantava ao desafio,
tiriti fio, tiriti fá.
No campo vi um grilo
que cantava ao desafio.
Cantava ao desafio
e fazia gri gri gri.
O bicho da seda,
sempre a trabalhar,
tece o seu casulo
para lá morar.
Que grande surpresa
vai acontecer:
linda borboleta
de lá vai nascer!
O meu pato mandarim
O meu pato mandarim
inda ontem me fugiu.
Diga lá, amigo Delfim.
Você sabe? Você viu?
O meu ganso africano
há dois dias me fugiu.
Diga lá, amigo Adriano.
Você sabe? Você viu?
O meu pombo juvenil
há três dias me fugiu.
Diga lá, amigo Gil.
Você sabe? Você viu?
O meu gato de olho azul
há uma semana me fugiu.
Diga lá, amigo Raul.
Você sabe? Você viu.
António José Ferreira ]
O pato pateta
O pato pateta
não sabe cantar.
Tem pelo amarelo,
não sabe voar.
O pato peludo
de pelo doirado
tem bico redondo
e peito pelado.
O pato patudo
de rabo no ar
tem penas pequenas
e sabe nadar.
Tradicional ]
O rouxinol nasceu na floresta
O rouxinol nasceu na floresta,
adora ser livre,
adora voar,
adora ser livre,
adora voar.
O rouxinol nasceu na floresta,
adora ser livre,
adora cantar,
adora ser livre,
adora cantar.
António José Ferreira ]
Os alegres passarinhos
Os alegres passarinhos
quando cantam na floresta
‘stão c’o bico tico tico
quero esta, quero esta.
Os alegres passarinhos
quando cantam pelo tojo,
estão c’o bico, tico, tico,
e as asinhas vão de rojo.
Trad. do Alentejo ]
Palram pega e papagaio
Palram pega e papagaio
e cacareja a galinha.
Os ternos pombos arrulham,
geme a rola inocentinha.
Muge a vaca, berra o touro,
grasna a rã, ruge o leão.
O gato mia, uiva o lobo,
também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo,
os elefantes dão urros.
A tímida ovelha bala;
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa,
brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves
mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
o canto seu variar:
fazem gorjeios às vezes,
às vezes põem-se a chilrar.
O pardal, daninho aos campos,
não aprendeu a cantar;
como os ratos e as doninhas,
apenas sabe chiar.
O negro corvo crocita,
zune o mosquito enfadonho.
A serpente no deserto
solta assobio medonho.
Chia a lebre, grasna o pato,
ouvem-se os porcos grunhir.
Libando o suco das flores,
costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças;
pia, pia o pintainho.
Cucurica e canta o galo;
late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros,
o cordeirinho balidos.
O macaquinho dá guinchos,
a criancinha vagidos.
A fala foi dada ao homem,
rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima
se encontram em pobre rima
as vozes dos principais.
Pedro Diniz ]
Quando a porta encosta
[ A Pena de um Elefante ]
Quando a porta encosta e se fecha, o teu nome não vai
Quero um rosto quente e vago, mas o pecado não sai
Espero na noite fria, agora, uns braços sem dono
Fico pela casa toda à espera do teu retorno
Abre o guarda-fato e leva aquelas tuas promessas
Porque pesam sobre o chão dúvidas descobertas
Enchem todo o espaço, sobranceiro e errante
Dormem sobre a cama, como a pena de um elefante
E só espero que me acorde
Num espirro quase ofegante
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
Numa só pegada marcas o teu território
E num céu de lágrimas faço o meu dormitório
Sem pousar a alma na minha almofada
Sinto a lança em África de maneira errada
E só espero que me acorde
Num espirro quase ofegante
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Como um elefante enorme
Num sonho mirabolante
La la la la la la
La la la la la la
Letra e música: Jorge Roque
Intérprete: Jorge Roque (in CD “Às Vezes”, Vidisco, 2013)
Quero um cavalo
Quero um cavalo de várias cores,
Quero-o depressa que vou partir.
Esperam-me prados com tantas flores,
Que só cavalos de várias cores
Podem servir.
Quero uma sela feita de restos
Dalguma nuvem que ande no céu.
Quero-a evasiva – nimbos e cerros –
Sobre os valados, sobre os aterros,
Que o mundo é meu.
Quero que as rédeas façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa mais,
Trepa às camadas do céu sem fundo,
Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,
Para onde tendem as catedrais.
Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sozinho
Sem um cavalo de várias cores?
Poema de Reinaldo Ferreira (in “Poemas”, 1960)
Recitado por Afonso Dias
Também cantado por António Pedro Braga (Orfeu, 1972)
Salto eu
Salto eu,
saltas tu,
para vermos quem mais salta.
Não sou eu,
não és tu,
quem mais salta é o canguru.
Sou agora uma preguiça
Sou agora uma preguiça
que se move devagar.
Tenho garras preparadas
para às árvores trepar.
Sou cavalo lusitano
na lezíria a galopar.
Sou feliz porque sou livre,
minha voz é relinchar.
Tenho um guizo, tenho um guizo,
tenho um guizo a chocalhar.
Sou agora a cascavel
na floresta a rastejar.
Sou um gato grande e gordo
a miar e a bufar.
São retráteis minhas garras,
uso-as para atacar.
António José Ferreira ]
Tenho alguns amigos
Tenho alguns amigos,
deles vou falar.
Uns andam depressa
outros devagar.
Tartaruga, vai devagar.
Tens o tempo todo p’ra chegar.
Assim tu não vais transpirar.
Tartaruga vai devagar.
Corre lebre, corre lebre,
não podes parar.
Se não corres para a meta
não irás ganhar.
António José Ferreira ]
Tenho um gatinho
Tenho um gatinho
que sabe miar.
Quando dorme a sesta,
põe-se a ronronar.
Tenho um cãozinho
que sabe ladrar.
Quando vê um gato
corre para atacar.
Sou um gato
Sou um gato grande e gordo
a miar e a bufar.
São retráteis minhas garras,
uso-as para atacar.
Sou cavalo lusitano
na lezíria a galopar.
Sou feliz porque sou livre,
minha voz é relinchar.
António José Ferreira ]
Tenho uma galinha pintada
Tenho uma galinha pintada
que a minha mãe comprou.
É bonita e põe ovos,
bom dinheiro ela custou.
Tlim, tlim, tlim, tlão,
tenho um realejo
que me ganha o queijo,
tenho um violão
que me ganha o pão.
Já me deram pelo bico
uma casa em Machico;
com isso não me contento,
chut galinha, lá p’ra dentro.
Já me deram pelas patas
uma saca de batatas;
com isso não me contento,
chut galinha, lá p’ra dentro.
Já me deram pelos ossos
uma saca de tremoços;
com isso não me contento,
chut galinha, lá p’ra dentro.
Já me deram pelos pés
uma saca de cafés;
com isso não me contento,
chut galinha, lá p’ra dentro.
Um dia, foi à pesca
Um dia, foi à pesca, (3v),
foi fraca a pescaria. (bis)
Pescou um só peixinho, (3v)
levou-o à Maria. (bis)
Quando chegou a casa, (3v)
ouviu o que não queria. (bis).
– Se fosse um peixe grande, (3v)
que almoço não daria. (bis)
– O peixe é pequenino (3 v)
e muito cresceria. (bis)
José pegou o balde (3 v),
deitou o peixe à ria. (bis)
António José Ferreira ]
Um macaquinho
Um macaquinho
gosta de dançar,
outro põe-se
a imitar.
Dancem, macaquinhos,
vão ‘scolher um par.
Assim é
melhor dançar.
Um pinguim convencido
Um pinguim convencido
desceu lá do Pólo Norte.
Veio de trouxa às costas
p’ra tentar a sua sorte. (3 v.)
Ficou todo aborrecido
pois começou a suar.
Não vinha prevenido
para calor suportar. (3 v.)
E trouxe gelo de reserva
mas o gelo derreteu.
Trouxe peixe de conserva
mas o peixe já comeu. (3 v.)
Resolveu p’ra trás voltar
pois a lição aprendeu.
Cada um deve gostar
do cantinho que é seu. (3 v.)
Isabel Sousa ]
Uma raposa estava cansada
Uma raposa estava cansada,
tinha a barriga muito vazia.
Viu cachos de uvas numa videira,
deu logo um salto de tanta alegria.
Bem tentou ela atingir o cacho,
mas o cansaço não lho deixava.
Indo-se embora, ouviu um barulho,
e o cacho de uvas lá continuava.
São uvas verdes – disse a raposa,
cheia de fome e desiludida.
Foi pelos montes, foi pelos campos,
ia sonhando em ter outra vida.
António José Ferreira ]
Vem aí o gato
Vem aí o gato!
Deixa lá o queijo!
Se não te pões a mexer,
o Bigodes te vai ver…
Foge lá, ó rato,
esquece o teu desejo.
Vi pousado num raminho
[ O Tentilhão ]
Vi pousado num raminho
Numa árvore toda em flor
Um pequeno passarinho
Cantando com muito amor
Era suave e meiguinha
A sua linda canção
A pequena avezinha
Era o lindo tentilhão
E veio-me logo ao sentido
Se as penas do tentilhão
Teriam elas caído
Do meu pobre coração
Julguei mal a ave querida
Através do meu pensar
Pensei que a sua vida
Fosse comer e cantar
Eu não tinha reparado
Ali num outro raminho
Estava mesmo a seu lado
A companheira no ninho
A cuidar dos seus filhinhos
Grande espanto foi o meu
Quando lhe vi dar beijinhos
Como a minha mãe me deu
Tanto trabalho e canseira
Teve aquele passarinho
Com a sua companheira
P’ra fazer ali seu ninho
Vamos todos trabalhar
Povo da minha nação
Para podermos cantar
Como aquele tentilhão
(Constantino José Abreu, “o Caipira”)
Voa
Voa, pica-pau,
ter preguiça é mau.
Leva-me a conhecer o Norte,
pica-pau!
Voa, pega-azul,
voa para Sul.
Leva-me às férias dos meus sonhos,
pega-azul.
Voa, codorniz,
vai e sê feliz!
Leva-me contigo para Este,
codorniz.
Voa, galeirão,
vá, não digas não!
Leva-me contigo para Oeste,
galeirão.
Voa, albatroz,
leva-me aos avós.
Leva-me p’ra um lado e para o outro,
albatroz.
António José Ferreira ]
Voltou a Primavera
Voltou a Primavera
com prendas p’ra me dar:
um campo de papoilas
e um cuco a chamar.
Cucu, cucu,
adoro escutar
o cuco entre os ramos
no monte a cantar.
António José Ferreira ]
Cabras, créditos Mervin Coleman