Sons da Primeira Infância
SONS DA PRIMEIRA INFÂNCIA
O compositor Brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) defendia:
”A música é um indispensável alimento da alma humana e um fator imprescindível à educação da juventude.”
Hoje em dia, é recorrente dizer-se que a educação musical deve começar na primeira infância e que os sons ouvidos pelo bebé dentro e fora do útero tem influência no seu desenvolvimento futuro.
O ritmo é organização, número, simetria, medida, proporção, ordem, fazendo parte da própria fisiologia do ser humano que respira, pulsa, anda, trabalha, repousa, fala e se cala. O ritmo binário tem um carácter pendular, mais adaptado à marcha, enquanto o ternário é mais rotatório, giratório, feminino. O compasso é mais adaptado à narrativa, e o 6/8 é especialmente adequado às canções de embalar. Simples exercícios rítmicos podem fazer maravilhas em termos musicais e psicológicos, pela descontracção gerada e pelo efeito
salutar no sistema nervoso.
Tendo em conta que a criança até aos sete anos vive sobretudo da sensorialidade, há toda a vantagem em expor e treinar as crianças sensorialmente de modo a fazer-se a natural descoberta da intensidade, timbre e altura.
Os pequeninos precisam, obviamente, de variar. Não se pode usar sempre a mesma canção, nem sempre o mesmo instrumento. É importante que os professores de Música vão dispondo de uma boa colecção de instrumentos musicais e fontes sonoras para satisfazer a necessidade de variedade das crianças e satisfazer o gosto.
Pelos dois ou três anos, a criança improvisa frequentemente melodias numa base não métrica e não tonal, fundada nas suas vivências pessoais e no vocabulário de que já dispõe. Não é de esperar que tenha, nessa idade, grande coerência em termos de discurso verbal e musical. De qualquer modo, o educador pode aproveitar essa aptidão e completá-la. De facto, essa tendência desaparece com o despertar das funções intelectuais.Em forma de jogo musical, o educador pode fomentar a criatividade à medida que a criança vai crescendo, consciencializando de forma progressiva para as noções de frase, cadência e forma musical.
António José Ferreira