Paralisia cerebral
MÚSICA E PARALISIA CEREBRAL
Angelita Maria Vander Broock
Excerto de Música para crianças com paralisia cerebral, Angelita Maria Vander Broock, Curitiba/PR, XIV Encontro Nacional da ABEM, 2005.
Sabe-se, por meio de diversos estudos, que a música influencia no desenvolvimento cognitivo e motor das pessoas, na socialização, no aumento da auto-estima, na percepção, na atenção, na relação afetiva, entre outros fatores. Segundo Alvin, a música pode contribuir para que a criança especial amplie os seus limites físicos ou mentais, despertando sua consciência perceptiva, seu desenvolvimento da audição e do controle motor. Todos estes fatores, sendo desenvolvidos, favorecerão a integração social e emocional da criança.
Além disso, outros fatores também podem ser ampliados, como a
memória e a atenção, por exemplo. Os fatores que serão influenciados variam de pessoa para pessoa e conforme o grau de comprometimento. Desta forma, o professor deve estar atento e conhecer as capacidades e possibilidades de cada aluno, realizando um diagnóstico prévio, a partir do qual poderá designar a melhor forma de educar musicalmente cada criança. Além disso, o estímulo socializador da escola, na figura do professor, promove a interação entre as crianças, possibilitando que aprendam umas com as outras vários aspetos importantes para seu desenvolvimento e, consequentemente, para a vida. É o que Juan Delval (2001) considera como uma das funções fundamentais da escola. A música também serve como auxílio nas inter-relações entre alunos, professores e pais.
Segundo Birkenshaw – Fleming, a música pode estimular qualquer atividade do dia-a-dia dos indivíduos com necessidades especiais, como, por exemplo, a interação social através de atividades musicais, o desenvolvimento do tónus muscular e da coordenação psicomotora através dos movimentos, o desenvolvimento da linguagem através de canções ou lengalengas, a capacidade auditiva e intelectual e o desenvolvimento da memória.
A autora ressalta também a importância de um ambiente previamente preparado para as aulas de música, onde não estejam presentes elementos que desviem a atenção do aluno. A rotina também é um fator relevante para o ensino de música na educação especial, por permitir ao aluno sentir segurança em poder prever o que está por vir.
Para aliviar tensões, a autora sugere que se utilize muito o movimento, incluindo danças, jogos e expressões corporais que podem proporcionar o contacto com as outras crianças, sendo que, em atividades que exijam um certo esforço, devem ser realizados relaxamentos com músicas calmas de fundo.
É necessário um cuidado especial na escolha do repertório a ser utilizado com as crianças, pois músicas muito agitadas, por exemplo, podem gerar tensões nos alunos através da ansiedade, o que pode resultar, em casos extremos, em um ataque convulsivo.
Tratando-se do ensino de música para crianças com paralisia cerebral e levando-se em consideração as tensões naturais desses indivíduos, sugere-se que, nas aulas, o professor posicione as crianças de forma segura, buscando o equilíbrio, a fixação e a manutenção do tónus postural, com o objetivo de estabelecer uma centralização do indivíduo, bloqueando assim padrões ou reflexos patológicos que eventualmente fazem parte da postura normal dessa criança especial.
A música também contribui para a aprendizagem uma vez que “… a música parece provocar mudanças na conduta de crianças com necessidades especiais fazendo com que se adaptem melhor à vida escolar, contribuindo para a sua ação social e melhor rendimento nas atividades de aprendizagem” (Ilza Joly, 2003).