Jogos musicais de gestos
Comunicação gestual e inclusão
Palavra, gesto, rima: junte ritmo, melodia e improvisação
A comunicação gestual aumenta a capacidade de atenção, integração, simpatia e compreensão mútua. Neste contexto, a comunicação gestual inspirada no método aumentativo ou alternativo de comunicação Makaton pretende ser uma estratégia de inclusão na turma no Jardim de Infância e 1º Ciclo, especialmente em crianças com necessidades educativas especiais.
O método Makaton pode contribuir para aumentar as possibilidades de comunicação de crianças com dificuldades expressivas. Em contexto de terapia da fala, os gestos visam fomentar a expressividade e, para as crianças em geral, a utilização dos gestos pode ser muito interessante no âmbito das AEC, potenciando jogos de vários tipos e criação/recriação de estórias. Esta página é dedicada às crianças com atraso ou deficiência auditiva e psicomotora, passageira ou permanente. Quando é possível, um movimento repetido conforme o número de sílabas ajuda à oralidade, ao ritmo e à distinção das sílabas.
Tendencialmente, as ações fazem-se duas vezes e os objectos uma vez.
A pé:
O indicador e o médio movem-se como se fossem pernas.
Vou a pé, vais a pé,
vamos ambos ao café.
António José Ferreira
Adeus:
Com a palma para fora, a mão roda um pouco para baixo e para cima.
Digo estas palavras quando está na hora.
Adeus, até logo, tenho de ir embora.
António José Ferreira
Água:
O polegar e o mínimo abertos dirigindo-se à boca.
A água dá para beber e bons pratos cozinhar.
Diz-se que a do rio é doce,
e é salgada a do mar.
António José Ferreira
Aranha:
Os dedos de ambas as mãos abrem-se e e fecham-se três vezes, avançando.
Anha é uma aranha
e dizem que é muito feia.
Mas ela não se importa
e lá vai tecendo a teia.
António José Ferreira
Autocarro:
Com ambas as mãos a um volante grande imaginário, roda-se à direita e à esquerda. Como o camião.
[ Como objeto brinquedo a criança usa uma tampa circular que faz de volante. ]
Se queres ser motorista
tens de fazer atenção.
Quando o tempo está de chuva
guia com mais precaução.
António José Ferreira
Árvore:
A palma da mão esquerda está por baixo do cotovelo direito. O antebraço direito está na vertical e a mão, aberta, roda um pouco.
Esta árvore que planto
boa sombra te vai dar,
lindas flores para ver,
frutos p’ra saborear.
António José Ferreira
Avião:
O polegar e mínimo imitam o voo de um avião de fora para a frente do próprio.
Eu já tenho dois bilhetes
para irmos de avião
ver as lindas cerejeiras
que florescem no Japão.
António José Ferreira
Balão:
As mãos abertas partem da boca e desenham a figura oval do balão.
O balão do João
sobe, sobe pelo ar.
‘Stá feliz, o petiz
a cantarolar.
Tradicional
Banana:
Com os dedos da mão esquerda, unidos, a mão direita move-se para fora, como se afastasse a casca da banana.
Eu vou comer, comer, comer,
eu vou comer banana.
Tradicional
Barco:
As mãos, unidas na ponta dos dedos, imitam a quilha de barco e avançam como se estivessem a cortar as ondas.
Um barquinho ligeiro andava,
ligeirinho andava no mar. Tradicional
Bebé:
Mão direita por baixo do braço esquerdo junto ao cotovelo, movendo-se (como se embalasse).
Bicicleta:
Os punhos fechados descrevendo círculos para a frente, à maneira dos pedais de bicicleta.
Beber:
Os dedos curvos, na posição de agarrar um copo, dirigem-se à boca.
Bebe água natural
que faz bem à digestão.
Ela ajuda a emagrecer,
faz bem à circulação.
António José Ferreira
Bem:
O polegar para cima e os outros dedos fechados em frente do peito.
Bola:
As mãos abertas, com as palmas para baixo e os dedos ligeiramente curvos, descrevem um círculo, de cima para baixo.
A bola passa passa
e vai de mão em mão.
Cuidado para a bola
não te cair ao chão.
António José Ferreira
Bolacha:
A mão direita faz gesto de agarrar com polegar e indicador, mas junto à face direita, na perpendicular.
Fui à caixa das bolachas,
uma só bolacha havia:
A bolacha era dourada
e chamava-se Maria.
António José Ferreira
Bolo:
Com os dedos da mão esquerda arqueados para cima, a mão direita coloca-se por cima com os dedos arqueados, para baixo, como se o próprio colocasse um pequeno bolo num prato.
É hora de cantar,
e os anos festejar.
Ao nosso amigo [ Carlos ],
um bolo vamos dar.
António José Ferreira
Boneca:
Os braços encontram-se na posição de embalar, com o cotovelo esquerdo mais acima que o direito.
Borboleta:
As mãos abertas unidas pelos polegares com as palmas voltadas para o próprio e os dedos a mexer.
Lá vem ela para aqui, lá vai ela para ali. Voa leve a borboleta parte branca, parte preta. António José Ferreira
Cadeira:
Com as mãos em punho, voltadas para o próprio, movem-se ligeiramente os antebraços na vertical de cima para baixo.
caixa:
As mãos abertas estabelecem duas linhas paralelas (dois lados da caixa) e depois outras duas (os outros dois lados); primeiro com as palmas voltas uma para a outra, depois uma com palma voltada para as costas da outra.
Fui à caixa das bolachas sem a minha mãe saber. E da caixa tirei uma e mais uma p’ra comer. António José Ferreira, adapt.
Cama:
Unem-se as palmas das mãos e colocam-se junto à face direita.
Camião:
Com ambas as mãos a um volante grande imaginário, roda-se à direita e à esquerda. Como o autocarro.
Sabes, eu comprei um camião. Vem comigo a Monção, no camião, a Monção. António José Ferreira
Cão:
Coloca-se a mão direita com dedos arqueados entre o queixo e o lábio inferior.
O avô comprou um cão
e Badocha é seu nome.
Gosta pouco da ração.
Dou-lhe carne e ele come.
António José Ferreira
Carro:
Faz-se o gesto de rodar um volante imaginário, à direita e esquerda.
Eu já sei guiar o carro
e vou com velocidade!
Viro à esquerda e à direita
até chegar à cidade.
António José Ferreira
Casa:
Mãos e braços fazem um triângulo (como o telhado de uma casa).
– Minha casa tem terraço,
minha casa tem jardim.
– Minha tem espaço
para ti e para mim.
António José Ferreira
Cavalo:
Passa-se o indicador e o médio na testa, na horizontal, por cima da sobrancelha direita, da esquerda para a direita.
Era uma vez um cavalo
que andava num lindo carrossel.
Tinha as orelhas espetadas
e a cabeça era feita de papel.
Tradicional
Cinco:
Mostra-se os dedos da mão com a palma para forma.
Coelho:
O indicador e médio em frente da testa mexem-se para o lado de fora, enquanto os outros dedos da mão estão fechados.
– Coelhinho da monte,
que tens para me dar?
– Tenho muito carinho
e ternura p’ra dar!
António José Ferreira
Comer:
Os dedos da mão direita, unidos nas pontas, vão à boca duas vezes.
Vou comer a sopa toda
e o peixe vou comer.
Não quero refrigerante:
água é o que vou beber.
António José Ferreira
Comida:
Os dedos da mão direita, unidos nas pontas dos dedos, vão à boca uma vez.
Cuida sempre que a comida
faça bem à tua vida.
António José Ferreira
Comboio:
Puxa-se a sineta imaginária de um comboio antigo.
Tchu, tchu, apita o comboio,
tchu tchu, lá vem a apitar.
Tchu tchu, tem muito cuidado,
Passa depois dele passar.
António José Ferreira
Copo:
Os dedos curvos movimentam-se como se agarrassem um copo e o colocassem em cima da mesa.
Copo, copo, passa o copo.
Passa o copo por favor.
Se não passas bem o copo
é que não me tens amor.
António José Ferreira
Dá-me:
Com a mão direita aberta e palma para cima, a pessoa mexe os dedos para si mesmo.
Dá-me, dá-me uma bola,
para eu jogar na escola.
António José Ferreira
Dois:
Indicador e médio levantados, os outros recolhidos.
Dormir:
As mãos estão unidas pelas palmas, junto à face direita.
Elefante:
A mão direita fechada levanta-se e abre-se em frente da boca.
Havia um elefante
que andava numa savana sem fim.
Pequeno elefante,
tinha uma tromba assim!
António José Ferreira
Escova de dentes:
O indicador na horizontal passa para cima e para baixo, como escova, em frente da boca.
Fantasma:
Ambas as mãos por cima da cabeça e um pouco à frente, com os dedos abertos.
Flor:
A mão direita tem os dedos unidos nas pontas, abrindo-se em frente do nariz.
Fui colher a flor mais linda
que havia no jardim:
a rosa que tu adoras
por tudo o que és para mim.
António José Ferreira
Galinha:
Com a mão direita aberta na vertical em frente da cara, representa-se a crista, e fecha-se a mão, imitando uma bicada, na palma da mão esquerda.
Gato:
A mão direita fecha-se e abre-se como se estivesse a arranhar a mão esquerda, que está em punho.
Gelado:
A mão direita em punho passando em frente da boca e rodando ligeiramente.
Iogurte:
A mão esquerda agarra um iogurte imaginário e o indicador e médio dirigem-se para a boca.
Janela:
Mão direita sobre o braço esquerdo, como se estivesse ao parapeito de uma janela.
Leite:
Com a mão direita aberta com polegar junto à têmpora direita, o mínimo, o anelar e o médio fecham-se.
Lavantar:
Ambas as mãos abertas sobem.
Limão:
Com a mão esquerda em punho, a direita a roda como se espremesse um limão.
Livro:
As mãos unidas, palma contra palma, abrem-se e ficam com as palmas para cima, unidas nos dedos mínimos.
Maçã:
Com com os dedos da mão direita unidos, como comer, mas desde a parte inferior do queixo para fora.
Macaco:
A pessoa coça-se com ambas as mãos, em concha, fechando perto dos sovacos.
O macaco imita;
imita o gibão.
Todos começamos
pela imitação.
António José Ferreira
Menina:
Lembramos a menina com o polegar e o indicador agarrando a orelha direita no lugar do brinco.
Mesa:
Unidas pelos polegares, com a palma para baixo, as mãos afastam-e-se na horizontal.
Morango:
A mão esquerda está em punho e a mão direita com os dedos unidos nas pontas realça as pintas dos morangos.
Mota:
Um pulso roda, como se estivesse a dar gás.
Obrigado:
Leva-se a mão aberta ao queixo e desloca-se um pouco para a frente.
A palavra é simples,
fácil de dizer.
Digo “obrigado”
para agradecer.
António José Ferreira
Olá:
Move-se a mão com a palma voltada para a outra pessoa.
Olá, amigos,
olá, como estão?
Tenho um sorriso
na palma da mão.
Ovelha:
Com a mão direita em gancho, descreve-se círculos à volta da orelha, de trás para a frente.
Berra a ovelha, berra, berra.
Não o faz por estar zangada.
É assim que a ovelha fala,
esteja calma ou irritada.
António José Ferreira
Pão:
A mão direita aberta vai ao encontro da mão esquerda, que está aberta com a palma voltada para cima, entre o polegar e o médio.
Pássaro:
Com a mão em bico de pássaro, polegar e indicador ao lado da boca, imita-se um bico a abrir e fechar.
Tem coragem, passarinho,
salta agora do teu ninho.
Tem cuidado com o gatinho
que ele pode ser mauzinho.
António José Ferreira
Pato:
Com a mão em forma de pato – os dedos da mão direita alinhados – faz-se o gesto de abrir e fechar.
Pata aqui, pata acolá,
vai o pato a caminhar.
Se é livre, também voa,
se tem água, vai nadar.
António José Ferreira
Peixe:
A mão direita está em cima da esquerda, ambas com palma para baixo. Os polegares mexem-se, como barbatanas.
Pente:
Com os dedos curvos e unidos, para baixo, a mão direita mexe-se como se fosse um pente.
Pera:
Com o indicador e o médio abertos na horizontal, da face direita para a frente.
Por favor:
A mão direita aproxima-se da boca e desce.
Digo “por favor”
se estou a pedir.
Quando alguém me pede,
gosto de as ouvir.
António José Ferreira
Porco:
Cinco dedos da mão direita, curtos e separados uns dos outros, rodam em frente da boca e do nariz.
Porta:
Mãos abertas levantadas com palma para fora, a direita abre para o próprio ficando com o polegar à direita.
Trus trus!
– Quem é?
É um amigo da Guiné.
António José Ferreira
Quatro:
Os dedos da mão, exceto o polegar, recolhido.
Sopa: Com a mão esquerda em concha, representado o prato, a direita, côncava, vai à boca como se fosse uma colher.
Sopa. Vou fazer sopa,
Sopa de couve ou agrião.
Sopa. Ralo a batata.
Sal só um pouco.
Ponho feijão.
António José Ferreira
Tartaruga:
A mão direita, fechada, desliza por baixo da mão esquerda, em concha, como a cabeça a sair da carapaça.
Devagar, vai devagar.
Não precisas de apressar.
Tu tens tempo para chegar.
António José Ferreira
Telefone:
Com polegar em cima e o mínimo em baixo, abertos, e outros dedos fechados, entre o ouvido e a boca.
Touro:
Coloca-se a mão direita com o polegar, o indicador e o mínimo abertos, em frente da testa.
Três:
Os três dedos centrais, os outros dois recolhidos.
Tu:
Aponta-se com o indicador.
Urso: As mãos, unidas na ponta dos dedos, na cabeça, dirigem-se duas vezes à cabeça.
Ai que medo, ai que susto.
Há um urso atrás do arbusto.
António José Ferreira
Um:
Indicador levandado, os outros dedos recolhidos.
Uvas:
A mão esquerda tem o polegar, indicador e médio unidos; a mão direita do mesmo modo indo à boca como se levasse bagos de uva.
Vaca:
O polegar e mínimo estão abertos em frente da testa, como cornos, e afastam-se para o lado direito.
Orientação da Dra. Alexandrina Martins, terapeuta da fala
Makaton é um tipo de signos gestuais que provém da linguagem gestual australiana (AUSLAN). Os sinais utilizados são conceitos/ideias selecionados de acordo com o que é mais apropriado para as necessidades da criança com défices de comunicação. O Makaton usa um discurso gramatical normal com sinais de palavras-chave e usa também figuras e expressões faciais. Utilizar o Makaton com crianças com autismo pode ajudá-las na comunicação. O Makaton proporciona pistas visuais, que a criança pode aprender a associar às instruções. Isto é essencial nas crianças com autismo, pois estas possuem boas capacidades de memória visual. É importante que a família, professores e amigos aprendam a utilizar o Makaton, pois as crianças aprendem através de modelagem e experiência em diferentes contextos. Stephen von Tetzchner, Harald Martinsen