Recursos musicais para a educação pré-escolar

Reque-borboleta

Instrumentário infantil

Os instrumentos desta coleção pessoal foram criados para a infância (jardim de infância e 1º ciclo) e foram já utilizados por  algumas crianças portadoras de atraso e deficiência. Não permitem sons fortes mas suscitam interesse pela música, pelas cores e pelas artes visuais, pelos animais e o Estudo do Meio.

As fotografias tiveram como instrumentistas as alunas Francisca Machado e Mafalda Machado, no último dia de aulas de 2021/2022 na EB1 Igreja 1 de Sandim, Vila Nova de Gaia. Como tinha sido informado pela professora titular do 3º ano, Cristina Magalhães, de que só estariam as gémeas na aula, fui preparado e valeu a pena.

Tamborete de guitas verde

Tamborete de guitas verde

Maraca infantil de plástico

Maraca infantil de plástico

Guizeira-borboleta de cabo

Soalheira-coelho de cabo

Reque-baleia-azul

Reque-baleia-azul

Rela-rã

rela-rã

Rela colorida

rela colorida

Metalofone-tartaruga

Metalofone-tartaruga

Maraca-abelha

Maraca-abelha

Maraca-elefante

Maraca-elefante

Guizo-rã

Guizo-rã

Guizo-sorridente

Guizo-sorridente

Guizo-engaiolado

Guizo-engaiolado

Guizeira-vaca

Guizeira-vaca

Guizeira natalícia

Guizeira natalícia

Guizeira-leão

Guizeira-leão

Reque-borboleta

Reque-borboleta

Castanhola-rã

Castanhola-rã

Castanhola de cabo vermelha

Castanhola-urso, de cabo

Castanhola de cabo marinha

Castanhola-peixe, de cabo

Castanhola de cabo cor-de-rosa

Castanhola-elefante, de cabo, cor-de-rosa

Castanhola de cabo borboleta

Castanhola-borboleta, de cabo, amarela

Castanhola-borboleta azul

Castanhola-borboleta azul

Galinhas bicam

Marioneta sonora de galinhas

António José Ferreira

Reciclanda, música e poesia para um mundo melhor

Reciclanda, música e poesia para um mundo melhor

O projeto Reciclanda promove a reutilização, reciclagem e sustentabilidade desde idade precoce.

Com música, instrumentos reutilizados, poesia e literaturas de tradição oral, contribui para o desenvolvimento global da criança e o bem estar dos idosos. Faz ACD e ALD (formações de curta e longa duração) e dinamiza atividades em colónias de férias com crianças. Apresenta-se nas áreas da educação e da sustentabilidade em festivais.

Saiba mais na Reciclanda e contacte-nos:

António José Ferreira:
962 942 759

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Raposa

Jogo musical de caçadinha ao ar livre

Ai que cauda tão vistosa!
Ai que lindo o focinho!
É decerto uma raposa
Procurando coelhinho.

Fox!

A brincadeira musical da raposa faz sentido num espaço amplo ou, sobretudo, ao ar livre. Seja no 1º Ciclo ou no Jardim de Infância, as crianças vivenciam em jogo as relações de predador/presa na natureza e brincam com isso fazendo de conta.

O educador ou professor diz um verso e as crianças repetem; depois dois versos; finalmente, a quadra inteira. Fox, raposa em Inglês, será a palavra que dará início à caçada. Pode-se cantar com uma melodia simples, conhecida ou inventada; ou pode-se declamar simplesmente de uma forma expressiva e com ritmo. Depois, as crianças dispersam-se, mantendo uma distância de um metro.

Uma criança (ou duas) fará de raposa; as outras serão galinhas e coelhos. Há um local (galinheiro) para onde as galinhas poderão fugir e a raposa não conseguirá caçá-las. Outro local será a toca, onde os coelhos estarão em segurança.

O adulto explica que a raposa também come ratos, escaravelhos, ouriços, perdizes e lagartixas. Se alguém quiser, pode representar esses animais. Movem-se num espaço designado por “monte”.

Para confundir e atrapalhar a raposa, uma criança fará de “criança”, e não será atacada, podendo mesmo defender as galinhas.

Quando o professor disser “Fox”!, começa a caçada. Enquanto o professor improvisar, em tambor de mão, a raposa pode caçar. As presas que foram apanhadas ficam fora da jogada. Quando terminar, dando um toque de regresso assertivo no tambor, combinado com a turma, termina a caçada e as crianças voltam aos seus lugares. A raposa cessante nomeia nova raposa, e assim sucessivamente.

[ Este jogo, indicado para o Dia do Animal, 4 de outubro, ajuda a assimilar e desenvolver competências de Estudo do Meio, ao longo do ano. ]

Raposa

Raposa

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Criança representando coração com as mãos, foto Freepik

Áreas e Domínios na Educação Pré-Escolar

Área de Formação Pessoal e Social

É considerada como área transversal pois embora tendo conteúdos próprios, se insere em todo o trabalho educativo realizado no jardim de infância. Esta área incide no desenvolvimento de atitudes, disposições e valores, que permitam às crianças continuar a aprender com sucesso e a tornarem-se cidadãos autónomos, conscientes e solidários.

(Orientações curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: DGE 2016, p. 6)

Área de Expressão e Comunicação

É entendida como área básica, uma vez que engloba diferentes formas de linguagem que são indispensáveis para a criança interagir com os outros, dar sentido e representar o mundo que a rodeia. Sendo a única área que comporta diferentes domínios, é precedida de uma introdução que fundamenta a inclusão e articulação desses domínios.

Área do Conhecimento do Mundo

É uma área integradora de diferentes saberes, onde se procura que a criança adote uma atitude de questionamento e de procura organizada do saber, própria da metodologia científica, de modo a promover uma melhor compreensão do mundo físico, social e tecnológico que a rodeia. (OCEPE 2016, p. 7)

Domínio da Educação Motora

Constitui uma abordagem específica de desenvolvimento de capacidades motoras, em que as crianças terão oportunidade de tomar consciência do seu corpo na relação com os outros e com diversos espaços e materiais. (OCEPE, 6)

Domínio da Educação Artística

Engloba as possibilidades de a criança utilizar diferentes manifestações artísticas para se exprimir, comunicar, representar e compreender o mundo. A especificidade de diferentes linguagens artísticas corresponde à introdução de subdomínios que incluem artes visuais, dramatização, música, dança. (OCEPE, 6)

Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita

O desenvolvimento da linguagem oral é fundamental na educação pré- escolar como instrumento de expressão e comunicação que a criança vai progressivamente ampliando e dominando nesta etapa do seu processo educativo. Importa ainda facilitar a emergência da linguagem escrita, através do contacto e uso da leitura e da escrita em situações reais e funcionais associadas ao quotidiano da criança. (OCEPE, 6)

Domínio da Matemática

Tendo a matemática um papel essencial na estruturação do pensamento, e dada a sua importância para a vida do dia a dia e para as aprendizagens futuras, o acesso a esta linguagem é fundamental para a criança dar sentido, conhecer e representar o mundo. (OCEPE 2016, p. 6)

O desenvolvimento de noções matemáticas inicia-se muito precocemente e, na educação pré-escolar, é necessário dar continuidade a estas aquisições e apoiar a criança no seu desejo de aprender. Esse apoio deverá corresponder a uma diversidade e multiplicidade de oportunidades educativas, que constituam uma base afetiva e cognitiva sólida da aprendizagem da matemática.

Sabe-se que os conceitos matemáticos adquiridos nos primeiros anos vão influenciar positivamente as aprendizagens posteriores e que é nestas idades que a educação matemática pode ter o seu maior impacto. (OCEPE, 77)

As crianças discriminam quantidades desde muito cedo e parecem também ter um sentido aritmético precoce que é evidente quando, por exemplo, têm a ideia de que, quando se junta mais um elemento, a quantidade resultante fica maior. Muitas vezes as crianças aprendem a recitar a sequência dos números, sem, no entanto, terem o sentido de número. É através de experiências diversificadas que as crianças vão desenvolvendo o sentido de número, que diz respeito à compreensão global e flexível dos números, das operações e das suas relações.(OCEPE, 79)

Nesta fase, as crianças começam também a seriar, fazendo comparações entre pares, recorrendo a diferentes atributos dos objetos, como, por exemplo: quantidade (mais, igual, menos), altura (alto, médio, baixo), tamanho (grande, pequeno), espessura (grosso, fino), luminosidade (claro, escuro), velocidade (rápido, lento), duração (muito tempo, pouco tempo), altura do som (grave, agudo), intensidade do som (forte, fraco).

Progressivamente, vão complexificando as seriações, incluindo cada vez mais objetos, que permitem a ordenação de gradações múltiplas (pequeno, médio, grande, o maior, etc.) ou a identificação de padrões (quadrado-círculo – quadrado-círculo…). (OCEPE, 78)

Criança representando coração com as mãos, foto Freepik

Criança representando coração com as mãos, foto Freepik

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Crianças tocando

A Expressão Musical na Educação Pré-Escolar

Este é um excerto da dissertação de mestrado “A Expressão Musical na Educação Pré-Escolar” apresentada por Irina Moreira Veríssimo à Escola Superior de Educação de Beja em 2012

Propostas

As propostas de intervenção que se seguem pretendem colmatar algumas necessidades encontradas no decorrer do processo de investigação deste estudo. As dificuldades apontadas pelas educadoras e pelos professores de música que dinamizam sessões com grupos de crianças em idade pré-escolar situam-se em várias dimensões de atuação. Assim, foram detetadas necessidades a nível das instituições, da atuação educativa das educadoras e também na atividade assumida por alguns professores de música. Por tudo isto, do conjunto de propostas aqui expostas, umas destinam-se às instituições de atendimento às crianças pequenas, outras às educadoras e outras aos professores de música. Pretende-se assim:

Objetivos gerais

  • Aumentar as experiências formativas do educador, e aprofundar os
    conhecimentos no domínio da Expressão Musical;
  • Promover o conhecimento de diferentes metodologias musicais no ensino da Expressão Musical;
  • Possibilitar a articulação entre os diferentes domínios;
  • Valorizar todas as áreas/ domínios trabalhando-os de forma equilibrada;
  • Promover o trabalho de equipa entre a educadora e o professor especialista;
  • Utilizar material diversificado, instrumentos musicais e meios tecnológicos;
  • Experimentar diferentes maneiras de produzir sons;
  • Possibilitar às crianças várias formas de se expressarem e comunicarem, a cantar; a dançar; a tocar e a criar;
  • Promover e incentivar o envolvimento das famílias na vida escolar da criança.
Ações

Algumas ações a desenvolver ao nível institucional

As instituições de Educação Pré-Escolar deverão apresentar junto dos centros de formação as suas preocupações pelo facto de quase inexistência de ações de formação para educadores no domínio de Expressão Musical;
As instituições de Educação Pré-Escolar deverão valorizar no seu projeto curricular a Expressão Musical em igualdade com as outras áreas e, como tal, deverão apetrechar as salas com recursos que possibilitem a realização de atividades de música com o suporte de diferentes recursos;
As instituições de Educação Pré-Escolar que têm na sua equipa educativa um professor de música deverão impulsionar a constituição de parcerias professor de música/ educadora e rentabilizar os saberes/ conhecimentos deste especialista.

Propostas

Propostas para a concretização do trabalho em parceria professor de música/educadora de infância.

Para concretizar esta parceria propõe-se:

  • As educadoras de infância deverão estar presentes nas sessões dinamizadas pelo professor de música.
  • A educadora deverá dar continuidade às atividades realizadas durante a sessão.
  • Os professores de música deverão articular as sessões de Expressão Musical com o trabalho que a educadora está a desenvolver com as crianças, no que se refere a temas e a situações que proporcionem a interdisciplinaridade.
  • Os professores de música deverão refletir e planear com as educadoras contribuindo assim para complementar a formação das educadoras nesta área.
  • Os professores de música e as educadoras de infância deverão envolver / divulgar junto dos pais o trabalho desenvolvido. As “ aulas abertas” constituem uma estratégia que poderá motivar os próprios pais para cantarem com / para os filhos o que poderá ser um veículo de passagem cultural de canções, a lengalengas e canções de roda de pais para filhos.

Proposta de intervenção para a dinamização de sessões de Expressão Musical pelas educadoras de infância

As Orientações Curriculares referem que “a Expressão Musical que se desenvolve na Educação Pré-Escolar, em torno de cinco eixos fundamentais: o escutar, cantar, dançar, tocar e criar”.

As metodologias a utilizar devem ser centradas na criança valorizando a sua capacidade de atenção, fases de desenvolvimento, interesses e necessidades, de forma a “despertar a criança para a música e suscitar nela a vontade de cantar, de ouvir, de criar livremente”. Gloton & Clero (1976:181)

A criação de um ambiente que estimule o desenvolvimento das capacidades musicais das crianças e o seu envolvimento nas atividades propostas complementam os princípios a ter em conta na intervenção das educadoras de infância.

Objetivos

  • Desenvolver capacidades individuais, sociais e criativas;
  • Desenvolver aspetos essenciais de voz;
  • Desenvolver o sentido rítmico e a coordenação motora;
  • Reconhecer características dos sons (intensidade, altura, timbre, duração);
  • Utilizar o movimento, a dança e a percussão corporal;
  • Utilizar instrumentos musicais;
  • Produzir sons de diferentes maneiras.
Atividades
  • Realizar jogos e coreografias utilizando vários tipos de recursos (relacionados ou não à Expressão Musical;
  • Cantar um reportório musical variado, como por exemplo: sobre o tema que se esta a trabalhar ou que se vai trabalhar, sobre a época do ano, canções de rotina, etc.;
  • Realizar experiências simples com a própria voz, como: cantar, rir, chorar, imitar sons da natureza, animais, etc.;
  • Acompanhar as canções com gestos, batimentos rítmicos, utilizando várias partes do corpo (mãos, pés, pernas,…);
  • Reproduzir ritmos produzidos pela educadora ou pelo professor especialista;
  • As crianças devem movimentar-se livremente pelo espaço, a partir de sons vocais, melodias, canções;
  • Realizar coreografias e danças de roda para o grande grupo;
  • As crianças tocam instrumentos de percussão em grupo e individualmente;
  • São cantadas canções com o acompanhamento de instrumentos;
  • Construção de instrumentos musicais, com material reciclável para fazer face à falta de materiais;
    Recursos

Nos recursos a serem utilizadas podemos incluir material diversificado, instrumentos musicais e meios tecnológicos.

  • A voz;
  • O corpo;
  • Arcos;
  • Lenços;
  • Fitas;
  • Bolas;
  • Panos;
  • Balões;
  • Leitor de CD e CD
  • Instrumental Orff
  • Sinos
  • Tamborins
  • maracas
  • Guitarra
  • Fantoche
Duração

Sessões dinâmicas, de curta duração (não deve ultrapassar os 45 minutos).

Avaliação

A avaliação será realizada com base nas metas de aprendizagem para a Educação Pré-Escolar (2011) nos seus diferentes domínios e subdomínios:

  • Desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação – interpretação e comunicação;
  • Desenvolvimento da criatividade – criação e experimentação;
  • Apropriação da linguagem elementar da música – Perceção sonora e Musical;
  • Compreensão das artes no contexto – culturas música nos contextos;
  • Dança – desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação – comunicação e interpretação;
  • Dança – Desenvolvimento da criatividade – produção e criação.

Mestrado na Especialidade de Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico

Beja 2012

Meloteca, recursos musicais criativos para a infância

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Amanda Whiteman

MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Excerto de Musicalização na Educação Infantil: Entre repertórios e práticas culturais e musicais, por Virna Catão. Dissertação (Mestrado em Educação). Rio de Janeiro: UFRJ/FEPGGE 2011.

A linguagem, nas suas diferentes manifestações, é constituinte dos sujeitos. É na e com a linguagem que as crianças conhecem o mundo, que se referem ao que conhecem do mundo e ao como conhecem o mundo. A música como linguagem artística é de natureza social e culturalmente organizada e fundamentada. Está presente em inúmeras práticas sociais, sendo impregnada de valores e significados atribuídos pelos sujeitos que a produzem e que a apreciam, pois ética e estética são indissociáveis. (…)

O maestro Villa-Lobos no início do século XX já trazia a importância da música na educação das crianças, como possibilidade de desenvolver o senso estético. A ideia de educação social pela música nos chama a atenção para o caráter social da arte, devido à sua prática em si implicar em relações inter-pessoais.

Eu tenho uma grande fé nas crianças. Acho que delas tudo se pode esperar. Por isso é tão essencial educá-las. É preciso dar-lhes uma educação primária de senso estético (…) Temos mais necessidade de professores de senso estético do que escolas ou cursos de humanidade. A minha receita é o canto orfeónico. Mas o meu canto orfeônico deveria, na realidade, chamar-se educação social pela música… (Heitor Villa-Lobos)

A música estabelece uma relação direta entre o homem, a sociedade e a cultura. Através da arte somos capazes de nos aproximar do outro. Por estar presente em todas manifestações humanas, a música vem ocupando cada vez mais espaços no cenário social da vida contemporânea, razão que justifica sua presença nas escolas, na intenção de oferecer, a todas as crianças, a experiência estética. (…)

A arte educa, na medida em que, atraindo nossa visão, encantando nossa audição, agindo sobre nossa imaginação, dialoga com a nossa consciência. Mais do que nos fazer reagir à melodia, à rima, às cenas do filme, esses estímulos, que nos chegam pela arte, criam um espaço de liberdade, no qual sentimo-nos convidados a agir criativamente. Tratando-se da educação escolar, transcendemos a ideia de transmissão de conhecimentos. (…)

Musicalizar é aprender a apreciar a arte dos sons, educar-se na sensibilidade auditiva, transmitir com sons os sentimentos que possuímos no coração. A liberdade de se expressar pela música e a vontade de construir novas melodias, mesmo que não agrade ao público, referem-se à esta significação. Quando aprendemos a emitir sons, podemos cantarolar a toda hora, tentando imitar o que o ambiente nos faz perceber.

Proporcionar a troca e difundir a música em sua pluralidade é dever das instituições educacionais. Educar é formar indivíduos livres de preconceitos, observadores, críticos e conscientes. É priorizar a formação de pessoas criativas, informadas, capazes de transformar a realidade.

Contudo, ainda há quem pense e aja como se as únicas funções da escola fossem alfabetizar e desenvolver o raciocínio lógico. Por essa, e outras razões, a Arte tem sido marginalizada, especialmente, a música na ampliação da educação com crianças.

A música pode contribuir para tornar a escola mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal ―propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente‖ (Georges Snyders). Quem canta seus males espanta e aprende.

(…)

Amanda Whiteman

Amanda Whiteman

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Crianças tocando, felizes

A MÚSICA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO

Excerto de A Música como Estratégia de Intervenção Pedagógica, Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico. Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, por Márcia Sofia Santos Amaral, Porto 2017.

(…) A educação, hoje em dia, é vista por uma grande parte das crianças como uma tarefa que têm de cumprir pois os seus pais afirmam ser essencial para o futuro.

Neste sentido, muitas vezes, a desmotivação e a dificuldade nas aprendizagens são fatores frequentes em salas de crianças no período da infância.

Partindo deste pressuposto parece pertinente encontrar estratégias que envolvam a criança e a incentivem, ou seja, defende-se que o docente deve inquietar-se e assim encontrar soluções para combater estas contrariedades.

Neste sentido, considera-se fundamental encontrar estratégias que contribuam para um maior sucesso escolar. O jogo e o lúdico são aspetos fundamentais na infância, fazendo parte da forma como as crianças vivem e experimentam o mundo, como parte integrante de uma forma de aprender que torna o processo de aprendizagem mais significativo e por isso mais positivo.

“Como é bem sabido, o prazer e a brincadeira fazem parte e contribuem claramente para o desenvolvimento das crianças” (Irene Cortesão)

A música, como instrumento de trabalho de conteúdos das orientações curriculares na Educação Pré-Escolar, pode ser um excelente instrumento para diminuir não só os insucessos a nível de aprendizagens, mas também entraves a nível social, pessoal e emocional, dado que esta desenvolve distintas potencialidades. Assim sendo, formula-se a seguinte questão de partida:

De que forma a música pode funcionar como instrumento de trabalho de conteúdos das orientações curriculares da educação pré-escolar?

Apesar desta escolha, é necessária a consciência de que utilizar a música como estratégia de intervenção educativa pode não ser a melhor opção para todos os momentos e para todas as crianças.

No entanto, acredita-se que esta é a mais apropriada para determinadas situações e para determinadas crianças que possam ter dificuldades em construir conhecimentos através de outras formas.

A aprendizagem deve ser sempre um processo adequado a cada criança respeitando as suas necessidades e interesses particulares.

(…)

Crianças tocando, felizes

Crianças tocando, felizes

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Crianças da Pré tocando

MÚSICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Excerto de A Expressão musical na educação pré-escolar: estratégias utilizadas. (dissertação de mestrado), de Inês Rebocho. Instituto Politécnico de Beja, Escola Superior de Educação 2012

Pelo seu poder criador e libertador, a música torna-se um poderoso recurso educativo a ser utilizado na Educação Pré-Escolar. É preciso que a criança seja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros anos de vida, para que a música venha a transformar-se numa capacidade permanente. A música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. Assim, na Educação Pré-Escolar os factos musicais devem induzir ações, comportamentos motores e gestuais, indissociáveis da educação percetiva propriamente dita.

Howard Gardner admite que a inteligência musical está relacionada com a capacidade de organizar sons de maneira criativa e a discriminação dos elementos constituintes da Música. A teoria afirma que pessoas dotadas dessa inteligência não precisam de aprendizagem formal para colocá-la em prática. Isso é real, pois não está sendo questionado o resultado da aplicação da inteligência, mas sim a potencialidade para se trabalhar com a música. Musicalidade é a tendência do indivíduo para a música. Quanto maior a musicalidade, mais rápido será seu desenvolvimento. Costuma revelar-se na infância e não depende de formação académica.

Musicalização é um processo cognitivo e sensorial que envolve o contacto com o mundo sonoro e a perceção rítmica, melódica e harmónica. Ela pode ocorrer intuitivamente ou por intermédio da orientação de um profissional. Gardner considera que através da musicalização os alunos ampliam as suas relações com o espaço natural ou construído, até mesmo expressando-se a partir do seu esquema corporal, não percebendo que, assim, estarão a transferir os elementos expressivos encontrados nos estímulos sonoros das composições musicais.

Se todos nascem potencialmente inteligentes, a musicalidade e a musicalização intuitiva são inerentes a todo ser humano. Grandes nomes considerados génios da música iniciaram seus estudos na infância, Mozart, Beethoven, Bach, Carlos Gomes e Villa Lobos, entre outros iniciaram seus estudos tendo como mestres os seus respetivos pais.

Embora o incentivo ambiental familiar e a iniciação na infância sejam positivos, não são essenciais na formação musical. Na opinião de Gardner, outros fatores podem ser estímulos favoráveis ao desenvolvimento da inteligência musical: a escola, os amigos, os meios de comunicação.

Segundo Snyders, a educação deve ser vista como um processo global, progressivo e permanente, que necessita de diversas formas de estudos para o seu aperfeiçoamento, pois em qualquer meio sempre haverá diferenças individuais, diversidade das condições ambientais que são originárias dos alunos e que necessitam de um tratamento diferenciado. Neste sentido devem-se desencadear atividades que contribuam para o desenvolvimento da inteligência e pensamento crítico do educando, como por exemplo: práticas ligadas à música e à dança, pois a música torna-se uma fonte para transformar o ato de aprender em atitude prazerosa no quotidiano do professor e do aluno.

Georges Snyders considera que criança precisa de ser sensibilizada para o mundo dos sons, pois, é pelo órgão da audição que ela possui o contacto com os fenómenos sonoros e com o som. É, pois, muito importante exercitá-la desde muito pequena, pois esse treino irá desenvolver sua memória e atenção. A música é um importante fator na aprendizagem, pois a criança desde pequena já ouve música, a qual muitas vezes é cantada pela mãe ao dormir. Na aprendizagem, a música é muito importante, pois o aluno convive com ela desde muito pequeno.

A música e a dança atuam no corpo e despertam emoções. Neste sentido elas equilibram o metabolismo, interferem na recetividade sensorial e minimizam os efeitos de fadiga ou levam à excitação do aluno. A expressão musical desempenha um importante papel na vida recreativa de toda criança, ao mesmo tempo que desenvolve a sua criatividade, promove a autodisciplina e desperta para a consciência rítmica e estética.

A escola, segundo Dermeval Saviani enquanto espaço institucional para transmissão de conhecimentos socialmente construídos, deve preocupar-se em promover a aproximação das crianças com outras propriedades da música que não aquelas reconhecidas por elas na sua relação espontânea com a mesma. Na opinião deste autor, cabe aos professores criar situações de aprendizagem, nas quais as crianças possam estar em relação com um número variado de produções musicais, não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro mas, se possível, também de origens diversas, como: de outras famílias, de outras comunidades, de outras culturas de diferentes qualidades: folclore, música popular, música erudita e outros.

As atividades musicais nas escolas devem partir do que as crianças já conhecem. Desta forma, desenvolve-se dentro das condições e possibilidades de trabalho de cada professor. Assim, e como é referido nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, é necessário estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas características individuais. Neste sentido, realça-se a importância da Educação Pré-Escolar partir do que as crianças já sabem. As crianças sabem que se dança música, ou seja, que a dança está associada à música, e geralmente sentem grande prazer em dançar.

Se os professores tiverem isso em conta e considerarem como ponto de partida o repertório atual do grupo e puderem expandir este repertório comum com o repertório do seu grupo cultural e de outros grupos, criando situações em que as crianças possam dançar, certamente estarão contribuindo significativamente para a formação das crianças.

A criança que consegue desenvolver pouco a pouco a apreciação sensorial, aprende a gostar ou não de determinados sons e passa a reproduzi-los e a criar novos desenvolvendo a sua imaginação. A boa música harmoniza o ser humano, trazendo-o de volta a padrões mais saudáveis de pensamento, sentimento e ação.

Para Viviane Beineke, a música influência de duas maneiras distintas no corpo do indivíduo: diretamente, com o efeito do som sobre as células e os órgãos, e indiretamente, agindo sobre as emoções, que influenciam numerosos processos corporais provocando a ocorrência de tensões e relaxações em várias partes do corpo.

A música não substitui o restante da educação; ela tem como função atingir o ser humano na sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz. Porém, segundo Beineke, sem a utilização da música não é possível atingir esta meta, pois nenhuma outra atividade consegue levar o indivíduo a agir. Conclui-se, assim, que a música está ligada ao ser humano desde muito cedo e que sem ela o mundo se tornaria vazio e sem espírito.

A música é uma arte que tem vindo a ser esquecida, mas que deve ser retomada nas escolas, logo na Educação Pré-Escolar, pois ela proporciona às crianças uma aprendizagem global, abrindo-a à perceção da beleza.

Enfim, a música é um instrumento facilitador do processo de ensino aprendizagem, portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em sala de aula.

(…)

Crianças da Pré tocando

Crianças da Pré tocando

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Criança (Blomingdale School of Music)

O PAPEL DO PROFESSOR

Excerto de A Música como Veículo Promotor de Ensino e Aprendizagens, por Paula Cristina Viveiros da Silva. Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Universidade dos Açores, Ponta Delgada 2012.

A música é uma arte com características muito próprias. Os discursos a que chamamos música não são uma das formas de discurso simbólico que o professor deverá encontrar nas suas crianças aquando do seu processo de ensino aprendizagem. Para tal, o professor deverá ter patente pelo menos quatro linhas de pensamento musical, iniciando pelo valor que a música poderá ter não só para si como para quem a escuta, deverá ter em conta a dinâmica, o modo como realiza o seu processo de ensino aprendizagem, terá de possuir um caráter expressivo no modo como transmite o conhecimento ao aprendiz, e por fim conhecer, construir, ter uma sensibilidade sonora perante os instrumentos musicais de modo a que se promova um discurso musical entre aluno e professor.

Tal como Alberto Sousa defende: “Não interessa o ensino do saber, mas a formação do ser”.

Deste modo, o professor deverá preocupar-se com a música como discurso, ou seja, o seu principal objetivo é trazer a música para a plena consciência do ser humano, fazer com que o aluno descubra por si mesmo as possibilidades que a música tem em transformar sons em melodias, melodias em formas e formas em acontecimentos significantes de vida.

Outra tarefa do professor é preocupar-se com o discurso musical dos seus alunos, transformando este discurso numa conversa musical e nunca num monólogo.

Cabe ao professor despertar a curiosidade dos seus alunos, estimulando-os com questões de discernimento artístico, como por exemplo, criando e acompanhando canções com gestos rítmicos, jogos de entoação, entre outros variados acompanhamentos musicais, que tornará possível o reconhecimento do valor da interação social, promovendo assim agrupamentos musicais organizados e confiantes na sua própria composição musical.

Segundo Edwin Gordon, “A verdadeira apreciação musical exige compreensão. Aprender música é ser guiado de forma a conseguir dar significado àquilo que se ouve.”

Seguindo esta linha de pensamento, podemos dizer que na música a imaginação é mais importante que o conhecimento, embora através da música e de outras artes, a imaginação e as emoções podem ser despertadas e desenvolvidas, porque a música interligada com outras artes constitui também sólidos fundamentos da educação, como o ler, o escrever, o contar, o jogar, entre outros.

Desta forma, quando o professor observa as crianças a brincar, este pode constatar o quanto é importante para elas o jogo musical, onde a improvisação é uma constante.

Esta forma livre e espontânea de expressão é uma necessidade interior, uma expressão vital para as crianças, pois através da improvisação torna-se possível o despertar e o libertar de capacidades criativas das mesmas, desenvolvendo assim a autoestima, contribuindo de uma certa forma para uma melhor relação entre professor e alunos e destes entre si.

Deste modo, “pela música a criança desenvolve a sua criatividade, espontaneidade, imaginação e sensibilidade para com o mundo que a rodeia. A música tem também esse “poder mágico” de estimular a capacidade criadora, promovendo nas crianças o prazer da descoberta de novas emoções…”

Assim, as crianças vão-se familiarizando com a linguagem musical que nunca deverá ser conseguida unicamente através da imitação. O sucesso de uma improvisação depende essencialmente do professor, no sentido em que professores alegres e criativos terão alunos alegres e criativos, encorajando-as a conversar, cantando, introduzindo estratégias expressivas em que os próprios alunos consigam decifrar e acompanhar de forma genuína o bom discursar da música entre professor e aluno e vice-versa.

Ainda neste sentido, e segundo Sousa, o objetivo do professor relativamente ao ensino aprendizagem da música é a criança e não a música, ou seja,

“Não é necessário o professor ter conhecimento de escrita musical nem saber tocar qualquer instrumento para se poder proporcionar a crianças meios e motivações para desenvolver o seu sentido musical e satisfazerem neste domínio as suas necessidades de expressão e criação.”

O mesmo autor acrescenta ainda que “É apenas necessário que se goste de crianças, de música e que se tenham alguns conhecimentos psicopedagógicos (para evitar cair em erros que em nada ajudem a criança).”

Deste modo, poder-se-á dizer que o contributo do professor relativamente ao ensino aprendizagem da música nas crianças tem um caráter dinamizador, isto é, este terá de ensinar a música de modo a que as crianças tenham de ir ao encontro da música, e que esta também possa ir ao encontro das crianças.

Não é só as crianças que ficam mais ricas com este ensino aprendizagem, nós, adultos/professores também nos sentir-nos-emos largamente compensados, porque a música para além de ser um bom instrumento relaxante na vida de um indivíduo, é também uma excelente ferramenta de comunicação e de interação social.

“O professor deve ser pluridisciplinar, no sentido em que (…) a sua verdadeira especialidade é ser um educador, isto é, ser capaz, ainda que seja um especialista, de manejar o conjunto dos meios (instrumentos pedagógicos) que lhe oferece o conjunto das matérias com o fito de servir objectivos gerais e comuns” (Fontanel-Brassart & Rouquet).

Importa referir ainda, que “O papel dos educadores consiste, essencialmente, em apoiar a criança, utilizando estratégias que lhe permitam experimentar situações desafiadoras (a nível cognitivo, social, físico e afectivo), interiorizar os significados das experiências, aumentar a confiança em si próprios e desejo de aprender” (Pinheiro), pois só assim as aprendizagens poderão tornar-se para ambos não só significativas mas ao mesmo tempo desafiadoras.

Embora haja algumas crianças mais desinibidas do que outras, não significa que as menos desinibidas não tenham aptidão para o discurso musical para com os outros, nomeadamente para com o professor ou para os colegas. Para Émile Jaques-Dalcroze, “A música nasce em nós da necessidade de fugir ao stress, de exteriorizar as nossas emoções, de satisfazer a nossa vontade, de dar um corpo às nossas aspirações imperiosas, embora por vezes se possa desordenar e confundir-nos (…) a sensibilidade significa possuir o próprio corpo em toda a sua relação com o espírito, bem como o expressar, ultrapassando o que paralisa a nossa insegura capacidade de imaginar e de criar”.

Além disso, o professor terá de compreender a criança, dialogar com ela, entrar no seu mundo como se fosse também uma criança, tentando entender os seus gostos, as suas necessidades, aquilo que ela é e sente que é capaz de fazer.

Se uma criança se sente pressionada em concretizar algo, esta acaba por não realizar nada daquilo que se pretendia fazer. A música neste tipo de situações funciona como uma terapia, como um instrumento que deverá ser utilizado pelo professor como algo que cative a criança à participação de determinadas atividades e que a partir destas possa sentir-se realizada, motivada pelos seus gostos e interesses.

Deste modo, a música passa a ser uma ferramenta essencial para alfabetizar, resgatar a cultura e ajudar na construção do conhecimento pela criança, porque a música além de atrair a criança, serve de motivação, deixa-a mais atenta àquilo que o professor pretende com ela, torna-se um instrumento de cidadania, contribuindo assim para a elevação da sua autoestima.

Neste âmbito, a música poderá funcionar como o barro, ou seja, deverá ser moldada pelo professor, no modo como ensina, no modo como interage com as crianças, no modo como decorre a aprendizagem das mesmas, fazendo chegar a estas a tal melodia pretendida, a tal moldagem de ensino e professor criativo, expressivo e dinâmico, para que a música chegue à criança e entre no seu consciente de forma, a que se sinta motivada à participação de novos desafios em sua vida.

(…)

Criança (Blomingdale School of Music)

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Crianças do jardim de Infância tocando

MÚSICA NA PRÉ-ESCOLA

Objetivos da educação pré-escolar

Adaptado da Lei n.º 5/97, de 10 de Fevereiro (Lei Quadro da Educação Pré-Escolar)

De acordo com a Lei Quadro, a educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da acção educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário.

1 – A educação pré-escolar destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de ingresso no ensino básico e é ministrada em estabelecimentos de educação pré-escolar.

2 – A frequência da educação pré-escolar é facultativa, no reconhecimento de que cabe, primeiramente, à família a educação dos filhos, competindo, porém, ao Estado contribuir activamente para a universalização da oferta da educação pré-escolar.

3 – Por estabelecimento de educação pré-escolar entende-se a instituição que presta serviços vocacionados para o desenvolvimento da criança, proporcionando-lhe actividades educativas e actividades de apoio à família.

4 – (…) Constituem objectivos da educação pré-escolar:

1. Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em experiências de vida democrática, numa perspectiva de educação para a cidadania;

2. Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência do seu papel como membro da sociedade;

3. Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso da aprendizagem;

4. Estimular o desenvolvimento global de cada criança, no respeito pelas suas características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam aprendizagens significativas e diversificadas;

5. Desenvolver a expressão e a comunicação através da utilização de linguagens múltiplas como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do mundo;

6. Despertar a curiosidade e o pensamento crítico;

7. Proporcionar a cada criança condições de bem-estar e de segurança, designadamente no âmbito da saúde individual e colectiva;

8. Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências e precocidades, promovendo a melhor orientação e encaminhamento da criança;

9. Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer relações de efectiva colaboração com a comunidade.

Crianças do jardim de Infância tocando

EXPRESSÃO MUSICAL

“A Expressão Musical assenta num trabalho de exploração de sons e ritmos, que a criança produz e explora espontaneamente e que vai aprendendo a identificar e a produzir, com base num trabalho sobre os diversos aspectos que caracterizam os sons: intensidade (fortes e fracos), altura (graves e agudos), timbre (modo de produção), duração (sons longos e curtos), chegando depois à audição interior, ou seja, a capacidade de reproduzir mentalmente fragmentos sonoros. A expressão musical está intimamente relacionada com a educação musical que se desenvolve, na educação pré-escolar, em torno de cinco eixos fundamentais: escutar, cantar, dançar, tocar e criar. O trabalho com o som tem como referência o silêncio, que nunca é absoluto, mas que permite ouvir e identificar o fundo sonoro que nos rodeia. Saber fazer silêncio para poder escutar e identificar esses sons faz parte da educação musical.

ESCUTAR

A exploração das características dos sons pode passar, também, por escutar, identificar e reproduzir sons e ruídos da natureza – água a correr, vento, “vozes” dos animais, etc. – e da vida corrente como o tic-tac do relógio, a campainha do telefone ou motor do automóvel, etc.

CANTAR

A relação entre a música e a palavra é uma outra forma de expressão musical. Cantar é uma actividade habitual na educação pré-escolar que pode ser enriquecida pela produção de diferentes formas de ritmo. Trabalhar as letras das canções relaciona o domínio da expressão musical com o da linguagem, que passa por compreender o sentido do que se diz, por tirar partido das rimas para discriminar os sons, por explorar o carácter lúdico das palavras e criar variações da letra original.

DANÇAR

A música pode constituir uma oportunidade para as crianças dançarem. A dança como forma de ritmo produzido pelo corpo liga-se à expressão motora e permite que as crianças exprimam a forma como sentem a música, criem formas de movimento ou aprendam a movimentar-se, seguindo a música. A dança pode também apelar para o trabalho de grupo que se organiza com uma finalidade comum.

O acompanhamento musical do canto e da dança permite enriquecer e diversificar a expressão musical. Este acompanhamento pode ser realizado pelas crianças, pelo educador ou recorrer a música gravada.

CRIAR

Se instrumentos de percussão simples podem ser construídos pelas crianças relacionando-se com o domínio da actividade plástica, estas poderão também utlizar instrumentos musicais mais complexos e com outras possibilidades – jogos de sinos, triângulos, pandeiretas, xilofones, etc. – que deverão ter grande qualidade. Outros instrumentos poderão ser usados pelo educador como a flauta, a guitarra…

A utilização de um gravador permite registar e reproduzir vários tipos de sons e músicas que, podendo ser um suporte para o trabalho de expressão, possibilita ainda que as crianças alarguem a sua cultura musical, desenvolvendo a sensibilidade estética neste domínio.”

Adaptado da Lei n.º 5/97, de 10 de Fevereiro
(Lei Quadro da Educação Pré-Escolar)

Meloteca, recursos musicais criativos para crianças, professores e educadores

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Menino regando

Explora sons e sente a natureza

Criança em idade pré-escolar ou com necessidades educativas especiais toma consciência do meio sonoro em que vive, ouvindo e sentindo com o tacto (e recitando ou cantando)

1. Sons do meio

Conduza o seu filho para o local da casa onde pode ouvir sentir mais a natureza, brisa suave, abelhas a zunir, rolas, pardais e grilos a cantar. Carros a passar e cães a ladrar não é mas pode servir para a criança tomar consciência do meio.

Está na nossa horta
um pássaro a cantar.
Não quero assustá-lo
pois gosto de escutar.

É bom estar sentado
e a brisa a passar.
Havemos de ir à praia
quando o verão chegar!

O adulto canta com a melodia de “Estava na floresta”. A criança acompanha com gestos. O toque e a ação do adulto tem um papel tanto mais importante quando a criança tiver limitações em termos psicomotores.

2. Copos de água

Coloque três copos de vidro iguais em cima da mesa. Encha o primeiro, coloque água no segundo até um pouco mais de meio, deixe o terceiro vazio. Se possível, é a criança que o faz. Coloque-os à sua frente, um à frente do outro (cheio, meio, vazio). Pegue uma colher de pau e toque sabendo que estão por ordem do grave para o agudo. Crie melodias suaves para a criança, se ela não o conseguir fazer.

3. Pingue pongue

Na banca da cozinha, coloque uma bacia com água até meio. Ligue a torneira de modo que caia gota a gota. Ficam a ouvir o som das gotas e de que modo se alteram. Quando conseguir fazê-lo, a criança regula o fluxo da torneira de modo a pingar ou jorrar.

4. Sibilar de serpente

O adulto coloca arroz dentro de um frasco de iogurte vazio, ou outro recipiente. A criança sentirá a textura do arroz e, se possível, ajudará a colocar. A própria criança (ou o adulto) agitarão a maraca reciclada de modo a imitarem o som de uma serpente. (Se a criança tiver tendência para enroscar/desenroscar, coloque só dois ou três feijões.) Clique AQUI para saber mais!

5. Canção de rega

Hoje está tão quente,
pega a regador.
Vai regar as plantas.
Rega, por favor.

Quando cai a chuva,
rega a minha flor.
Vou fazer um ramo
para o meu amor.

Cante com a melodia de “Rio Mira vai cheio”. Dê um regador à criança e ensine-a a regar uma planta. Ou regue com a mangueira e ajude o seu filho a sentir a frescura e o som da água a cair no solo ou contra uma superfície dura. Se tiver condições, ensine a criança a tirar ervas daninhas.

António José Ferreira

Gonçalo regando

Gonçalo regando

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