Recursos e textos de apoio à Música para crianças entre os 0 e os 3 anos em casa ou na creche

Bebé

O BEBÉ E A MÚSICA

Excerto de Música na creche: possibilidades de musicalização de bebês, por Cíntia Vieira da Silva Soares. ABEM 2008.

Desde a vida intra-uterina, o bebé é cercado por um ambiente sonoro, convive tanto com ruídos externos quanto com os sons interiores causados pelo funcionamento do corpo da mãe e pela sua voz. Aproximadamente pelo sexto mês de gestação, a audição do bebé alcança sua maturidade, sendo comparável à audição de um adulto. Assim, a percepção dos sons externos se torna maior, intensificando seu universo sonoro.

A relação do bebé com o mundo, nesse momento, é como ouvinte em potencial (Klaus).

Se ele é capaz de ouvir mesmo dentro do útero, poderia ser inferida sua capacidade de lembrar desses sons, ainda que camuflados pelo líquido amniótico. Na sua investigação, Sheila Woodward (Scientific discoveries, [s.d.]) demonstrou, por meio de microfones internos, que o bebé consegue ouvir dentro do útero materno, podendo lembrar-se dos sons e músicas ouvidas nesse período. Desse modo, os sons que agradam o bebé podem ter relação com a sua percepção intra-uterina. Valendo-se disso, pode-se entender quando algumas mães e pais nos procuram dizendo que colocam Mozart para o bebé ouvir desde o seu nascimento, mas ele parece gostar mais do rock popular, género ouvido pela mãe durante a gestação.

É interessante observar essa familiaridade auditiva e afetiva do bebé com o estilo musical preferido pela mãe ou pelo pai. Sandra Trehub, da Universidade de Toronto, afirma que os bebés podem preferir algumas músicas a outras. Eles sorriem quando escutam certos grupos de notas musicais consoantes, parecendo não gostar dos acordes dissonantes. Segundo a pesquisadora, essas preferências podem ocorrer, principalmente, conforme o ambiente musical do bebé.

É o que arriscamos a afirmar empiricamente sobre a maioria dos bebés que são filhos de pais músicos, instrumentistas e cantores, ativos na profissão ou mesmo aqueles simpatizantes de música, intensos, que ouvem, tocam ou cantam informalmente.

Geralmente, algumas dessas crianças têm aguçada percepção auditiva, com alto interesse por música ou artes e, naturalmente, com potencialidades musicais. Obviamente, não é porque carregam os “genes da música”, mas por estarem imersos em ambiente musical desde muito cedo e por terem na música mais um elo afetivo com os seus pais, o que origina experiências agradáveis e vitais para o desenvolvimento infantil.

Quando o bebé nasce, essa relação sonora se amplia. Antes, percebia os sons como ouvinte, com limitadas ações motoras; agora, passa também a reagir ao estímulo musical por meio de movimentos corporais e de produção sonora.

Como ouvinte ativo, o bebé desde que nasce é capaz de ouvir e discriminar sons, preferindo a voz humana, especificamente a materna. A voz humana é a fonte mais relevante de estimulação sonora, por ser carregada de elementos musicais. As modificações adaptativas da fala que os adultos utilizam para dirigir-se ao bebé, denominada de “mamanês”, têm conotação musical e linguística de grande importância para o desenvolvimento. Por meio do “mamanês”, os bebés captam ritmo, modulações melódicas, intensidade, envolturas prosódicas, acentuação e expressão que ativam sua atenção e dão suporte às primeiras vocalizações (Gembris).

Outra grande influência musical da voz humana na vida do bebé é a canção de embalar. Ela traz em si elementos musicais, como alta sonoridade, compasso, expressão, e sua melodia tem um ritmo lento e regular, que pode acalmar o bebé. Essas canções promovem a interação mãe/filho com intensa carga emocional.

Em relação à produção de sons, inicialmente as necessidades impelem o bebé a comunicar-se com o mundo pela produção sonora de gritos, choros, resmungos e balbucios, como se criasse sua própria música. Ruth Fridman, pesquisadora argentina, relata que, desde o seu nascimento, o bebé manifesta seus estados de humor por meio de elementos sonoros diferenciados da linguagem comum que conhecemos. Essa fase pré-verbal, que antecede a fala propriamente dita, é formada por grunhidos, balbucios, sons explosivos ou expressões sonoro-rítmicas chamadas por Fridman “proto-ritmos”. “Los proto-ritmos de la expresión vocal son estructuras motoras que dan forma a la red rítmica primária natural del ser humano” (Fridman).

A autora realizou sua pesquisa com o choro dos bebés, desde o nascimento. Segundo Fridman, “o ritmo dá a forma e estrutura ao que em música se chama pensamento musical. O mesmo sucede com a linguagem. Do choro surgirão a palavra e a manifestação musical tendo ambos um tronco comum: os proto-ritmos entonados”.

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Bebé

Bebé

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Piano bebé

OS PRIMEIROS INSTRUMENTOS

Como devem ser os primeiros instrumentos da criança? Antes de mais, devem ser adequados à sua idade e evolução, em formatos, dimensões e materiais que não apresentem riscos para a sua segurança. Os brinquedos musicais são os primeiros instrumentos que a criança manuseia.

Os brinquedos multissensoriais estimulam a aprendizagem e o jogo prático de uma forma divertida e foram concebidos com a colaboração de psicopedagogos:

  • bonecos que tocam e que podem ser colocados no berço quando o bebé ainda não caminha;
  • pequenos ginásios musicais em ovo, tapete no chão ou na parede do berço.
  • tapetes de dança indicados para quando o bebé já gatinha ou anda;
  • pequenos sofás que estimulam e divertem em termos sonoros e musicais;
  • casas com sons em que a criança explorar e descobre;
  • tambores com diferentes formatos, cores, timbres e luzes;
  • pandeiretas e chocalhos adequados a bebés;
  • brinquedos em forma de mesa, piano, xilofone;
  • animais com música e luzes;
  • gravadores e microfones.

Os pais devem estar atentos à qualidade sonora dos brinquedos – as marcas não são todas iguais – e ter em conta a indicação de idade

Mais tarde, apitos musicais com as características adequadas, chocalhos de ovelha, cabra e vaca (à venda nas feiras em vilas do interior), instrumentos feitos a partir de materiais recicláveis, apitos de caça, podem ser adquiridos com vantagem sobre outros brinquedos. Há maracas ótimas que podem ser feitas em cada com ovos de chocolate grandes ou médios, e tampas de amaciador de roupa que o bebé possa levar â boca sem risco de se ferir.

O estudo pessoal e a criatividade fornecem aos pais e professores de música um mundo sonoro que enriquece grandemente o bebé e dá prazer à família. A criança, que é normalmente sensível ao timbre, conseguindo distinguir a sonoridade própria de vários instrumentos, vai assim apurando a sua sensibilidade auditiva.

A sensibilidade dos pais e o desejo de evoluírem sempre neste domínio ajudarão o bebé a crescer musicalmente de forma harmoniosa e a desenvolver competências variadas que serão importantes para o seu futuro.

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Piano bebé

Piano bebé

António José Ferreira

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Menina ao piano

MÚSICA EM IDADE PRECOCE

Os primeiros contactos da pessoa com a música acontecem no ventre materno, no âmbito familiar, depois na creche e no jardim infantil.

Segundo a pedagoga Elvira Drummond, “A música é uma das poucas atividades que conseguem ativar os hemisférios direito e esquerdo do cérebro. A prática musical também ativa toda a rede de neurónios, trazendo benefícios ao desenvolvimento motor e social, ao processo de aquisição da linguagem.”

As canções tradicionais, canções de embalar, música instrumental (com harpa, celesta, violino, Viola, violoncelo, clarinete e flauta) são muito importantes nesta fase.

Mesmo que os encarregados de educação não disponham de bases musicais teóricas, podem sempre cantar e pôr a tocar canções de embalar, saltar, divertir, ensinar. As edições de canções tradicionais disponíveis aumentaram significativamente nos últimos anos em Portugal, com ampla divulgação nos meios de comunicação de massa – o que torna o acesso dos pais e avós à música muito mais fácil.

Para a criança, o canto não é uma simples imitação: desperta o sentido do ritmo, da melodia e da harmonia, da escala, dos acordes e da tonalidade. Favorece a integração na idiossincrasia do povo e na comunidade em que a criança se encontra.

As primeiras canções são naturalmente simples, com pequenos saltos, tendo a mímica um papel importante no seu acompanhamento plástico. Devem ser escolhidas com critério, tendo em conta a pertinência dos textos, melodia, ritmo, intervalos, modos.

Nas famílias em que se ouve apenas música ligeira de qualidade questionável, tanto em termos de texto com em termos de melodia, é natural que seja esse o tipo de canção que a criança cante com os amigos. E é natural também que a audição regular de música clássica em casa e a ida a concertos influenciem nessa linha os gostos musicais da criança.

António José Ferreira

Citando

A música favorece o desenvolvimento do senso estético, lidando com a beleza e a emoção.

Elvira Drummond

Menina ao piano

Menina ao piano

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Bebé ao piano, créditos Stefan Arendt

MÚSICA PARA BEBÉS

Recorre-se cada vez mais à Música para fomentar as potencialidades criadoras da pessoa e desenvolver todas as faculdades humanas, sendo notórios os avanços científicos, psico-pedagógicos e musicais.

Segundo Elvira Drummond,

“É importante trabalhar a afetividade com a criança para que ela possa estar atenta a todo o processo de aprendizagem. E a música trabalha todos esses fatores, interferindo diretamente no processo cognitivo.”

A arte musical apresenta grandes vantagens em termos cognitivos e comportamentais. Incrementa o raciocínio espacio-temporal, o pensamento lógico e a aptidão para as matemáticas. Estimula a criatividade e o gosto artístico musical, cria um ambiente calmo em família.

Tem um efeito positivo nas grávidas, contribui para que a criança chore menos e seja mais calma, torna o bebé mais apto para a língua e a linguagem, para a experiência cativante do belo nas artes, para a escuta ecológica dos sons da natureza.

Na medida em que proporcione calma e descontracção, segurança e conforto, a música estimula o cérebro do bebé e abre-lhe o leque de aptidões intelectuais futuras. As experiências e jogos musicais intuitivos feitos pelas mães, pais, avós e avôs, são hoje corroborados pelas experiências clínicas, os progressos das neurociências e a pesquisa musical.

A audição de música torna-se, um factor de desenvolvimento neurológico do bebé, sobretudo quando abarca todo o espectro sonoro audível (20-20000 Hz), sons graves, médios e agudos.

O gosto pela música e o desejo de a realizar devem ser cultivados e desenvolvidos de acordo com as leis da vida humana e musical. A música prepara para a vida e parte da vida de cada pessoa.

António José Ferreira

Citando

Está cientificamente comprovado que a música ativa e amplia as redes neurais, aumentando o nível de percepção da criança. Grandes pensadores são unânimes ao afirmar que há uma relação estreita entre os desenvolvimentos emocional e cognitivo.

Elvira Drummond

Meloteca, recursos musicais criativos para a infância

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Bebé tocando metalofone

A MÚSICA NOS PRIMEIROS ANOS

Excerto de A Expressão Musical na Creche e Jardim-de-Infância, Relatório do Projeto de Investigação (Versão Definitiva) de Mestrado em Educação Pré-Escolar, por Inês Almeida Raposo. Escola Superior de Educação de Setúbal, 2015.

Os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para a construção de uma base sólida, de várias aprendizagens essenciais para a formação humana, sendo que “jamais o potencial de aprendizagens de uma criança é tão elevado como no momento em que ela nasce” (Edwin Gordon).

Cabe ao educador, professor e à família proporcionar momentos de aprendizagem que fomentem o desenvolvimento da criança, visto que “aquilo que uma criança aprende durante estes primeiros cinco anos de vida forma os alicerces para todo o subsequente desenvolvimento educativo (…)” (Edwin Gordon).

Cíntia Soares refere que, mesmo antes, “desde a vida intra-uterina, o bebé é cercado por um ambiente sonoro, convive tanto com ruídos externos quanto com os sons interiores causados pelo funcionamento do corpo da mãe e pela sua voz. Aproximadamente pelo sexto mês de gestação, a audição do bebé alcança sua maturidade, sendo comparável à audição de um adulto”.

Nicole Jeandot também afirma que “durante a gestação a criança possui contato com a música, pelo menos com um dos seus elementos fundamentais, o ritmo, através das pulsações do coração de sua mãe”.

Contudo, e de acordo com Cíntia Soares, existe o caso de bebés que estão imersos num meio musical, pelo facto de os pais estarem ligados à música, o que gera uma aguçada perceção auditiva nas crianças e potencia habilidades musicais. Assim sendo, quanto mais o bebé estiver exposto a um ambiente sonoro diversificado maior serão as probabilidades de ampliar as suas habilidades musicais.

No momento do nascimento, a criança tem a sua primeira manifestação sonora através do grito sendo que “os sons que produz são indiscriminados e não intencionais” (C. Torrado). A criança comunica através do grito e, de seguida, passa para o balbucio onde se inicia o período da lalação. Este período “(…) constitui um exercício de preparação da expressão verbal que irá declinar quando a criança [começa] a pronunciar as primeiras palavras (…)”.

Tanto o grito como o balbuciar, que serão explicados mais à frente, não se podem considerar musicais. Porém, constituem um período pré-linguístico e pré-musical. Sendo que, e face à linguagem, os “recém-nascidos, ouvem falar uma língua à sua volta, antes mesmo de serem capazes de compreender o que está a ser dito.

Absorvem tudo o que ouvem e, em breve, começam a vocalizar sons imitando a fala” (Edwin Gordon). Pelo que, todo o processo indicado previamente, auxilia o bebé a apropriar-se da sua língua até conseguir verbalizá-la. Contudo, e como indicado anteriormente pela autora Nicole Jeandot (2001), como a criança na gestação possui contacto com a música, através das pulsações do coração da mãe, é natural que mesmo antes de começar a falar esta emita alguns sons parecendo, por vezes, que está a cantarolar.

Durante os primeiros anos de vida da criança, de acordo com Edwin Gordon, existem três períodos cruciais em que a orientação e educação por parte dos educadores e dos familiares é essencial.

O primeiro período ocorre desde o nascimento até aos dezoito meses, onde esta aprende “(…) através da exploração e a partir da orientação não-estruturada que lhe proporcionam os pais e outras pessoas que dela cuidam”.

O segundo período vai desde os dezoito meses até aos três anos de idade, onde a criança continua a obter uma orientação não-estruturada. No terceiro e último período, entre os três e cinco anos de idade, o tipo de orientação passa a ser estruturada e também não-estruturada sendo recebida em casa ou num meio pré-escolar.

Este autor refere também, que a orientação não-estruturada é quando os pais ou educadores oferecem à criança o contacto com a sua cultura, sem que haja uma planificação específica. Contudo, quando esta é estruturada, é exigida uma planificação que se centra no desenvolvimento da criança. Em ambas as orientações, “as crianças são postas em contacto com a sua cultura e encorajadas a absorvê-la.

A orientação informal estruturada e não estruturada baseia-se e opera em consequência das actividades sequenciais e respostas naturais da criança” (Edwin Gordon). Sendo que, e de acordo com Jeandot (2001), a criança (individualmente) explora de forma espontânea a música através do corpo e do espaço, balançando com o corpo, batendo palmas, batendo o pé, mexendo a cabeça, iniciando assim movimentos bilaterais.

Cíntia Soares ainda refere que, o contacto “com a música, além de desencadear reações motoras e vocais nos bebês, provoca mudanças na sua ação, incentivando-o a descobertas sonoro-musicais próprias, em manifestação de aprendizagem”.

Face ao desenvolvimento da compreensão musical das crianças, Gordon, afirma que é necessário existir uma orientação estruturada ou não-estruturada por parte dos pais. Assim como os pais encorajam as crianças à iniciação do balbucio da língua também deverão incentivar e encorajar o balbucio musical, visto que “quanto mais cedo uma criança emergir de uma fase de balbucio musical, mais musical se espera que venha a ser durante a sua vida”. Jeandot afirma também, que é balbuciando que as crianças começam a interagir com a música, fazendo sons únicos e repetitivos e aos poucos passam a conseguir diferenciar várias músicas e diferentes sons.

De acordo com Gordon existem duas fases do balbucio musical, uma é o balbucio tonal e a outra o balbucio rítmico. Este autor, afirma ainda, que “uma criança pode emergir do balbucio tonal e do balbucio rítmico ao mesmo tempo, ou de um antes do outro”. Na fase do balbucio tonal, a criança tenta cantar com uma voz falada “e as relações entre os sons que [produz tem] pouco ou nada em comum com o contexto que foi estabelecido pela cultura musical”. Esta situação acontece devido ao facto da criança não ter aprendido a distinguir “entre uma qualidade de voz falada e uma qualidade de voz cantada”. Sendo que, “as crianças ouviram a voz falada muito mais frequentemente do que a voz cantada e por isso não estão motivadas para experimentar a sua voz cantada e aprender como a sentem, não necessariamente como soa, comparativamente à sua voz falada, com que estão mais familiarizadas”.

Na fase do balbucio rítmico, as crianças “produzem diferentes sons e movimentos duma forma errática. Estes sons e movimentos não têm um tempo consistente, são muito próximos uns dos outros, e não têm continuidade contextual em termos das métricas que são naturais na sua cultura musical”(Gordon).

Contudo, Helmuit Moog afirma que o balbucio dos bebés pode ser musical ou não-musical. O não-musical encontra-se primeiro que o musical, por volta dos 2 a 8 meses, sendo que antecede a linguagem. O balbucio musical forma-se como uma resposta a uma música ouvida pelo bebé. Pelo que, estes “compõem-se de poucas sílabas, simplicidade rítmica e com pausas somente para a respiração. O bebê explora tons e imita o que ouve”.

Tânia Silva refere que no primeiro ano de vida, a criança inicia o seu processo de fala começando por imitar animais, pessoas, meios de transporte entre outros sons comuns do seu meio envolvente. Desenvolve o seu ritmo e consegue sincronizar os seus movimentos de pés, cabeça e braços. Perto dos dois anos de idade, as crianças já reagem a qualquer tipo de som e gostam de imitar os sons que escutam. As crianças estão em constante desenvolvimento e a expressão musical apoia nesse sentido. (…)

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Bebé tocando metalofone

Bebé tocando metalofone

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Bebé a dormir

BALBUCIOS MUSICAIS

Excerto de Música na creche: possibilidades de musicalização de bebês, por Cíntia Vieira da Silva Soares. ABEM 2008.

Os balbucios ou explorações vocais caracterizam as primeiras etapas evolutivas da linguagem, servindo como base para uma adequada aprendizagem musical.

Segundo Moog, o balbucio de um bebé pode ser musical e não-musical. O balbucio não-musical aparece primeiro do que o balbucio musical, por volta dos 2 aos 8 meses, e antecede a fala. O musical aparece como resposta a uma música ouvida pelo bebê. Compõe-se de poucas sílabas, simplicidade rítmica e com pausas somente para a respiração. O bebé explora tons e imita o que ouve. Esse jogo vocal desenvolvido por ele bebé é considerado precursor da canção espontânea. Beyer, nos seus estudos sobre os balbucios musicais, ressalta que “a exploração sonora do bebê contempla todos os parâmetros sonoros, mas que vai variar conforme o contexto sonoro-musical em que o bebé está inserido”.

O bebé vai ampliando sua produção sonora, em qualidade e em quantidade, graças ao seu convívio com as pessoas e o meio social em que vive. Esse contexto musical é repleto de matéria-prima sonora que pode ser utilizada ou não pelo bebé em suas explorações.

Além dessa manifestação sonora a que se refere a autora, o bebé responde ao estímulo sonoro-musical de formas variadas: reage de maneira diferente em contacto com os sons graves e agudos, olha em direção ao som, manifesta expressões de alegria, de prazer, de assombro ante a música, assim como balança o corpo.

Segundo Norman Weinberger, professor de Psicologia e Ciências Cognitivas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, bebés com alguns meses de idade podem identificar variações propositais em melodias que lhes são conhecidas.

Os atos de ouvir, perceber, reagir, identificar, associar, produzir são algumas das possíveis ações observadas no bebé em contacto com música ou instrumento musical. Em contacto com um tambor, por exemplo, o bebé pode ter reações inusitadas como arranhar a parte superior do instrumento com o dedinho, virar para ver a parte oca do tambor, batê-lo no chão, percuti-lo com a mãozinha, tudo com muita curiosidade e olhar atento às explorações sonoras ou não.

Dessa forma, é possível perceber que o bebé imerso em um contexto sonoro-musical, seja como ouvinte ou como produtor de sons e movimentos, tem sua ação transformada mediante o estímulo sonoro ou musical, revelando, nesse processo, suas capacidades e possibilidades de aprendizagem. E, de acordo com educadores musicais, o contacto com a música, além de desencadear reações motoras e vocais nos bebés, provoca mudanças na sua ação, incentivando-o a descobertas sonoro-musicais próprias, em manifestação de aprendizagem.

Com a constatação da possibilidade dessa aprendizagem musical, surgiram os programas de vivências musicais para bebés. Pesquisadores e educadores musicais tinham como objetivo principal ampliar o contacto do bebé com atividades musicais de qualidade e em ambiente educativo, a fim de aprofundar elementos especificamente musicais.

Para os educadores, os bebés poderiam vivenciar a música de forma lúdica e prazerosa, por meio de cantigas de roda, músicas instrumentais, folclóricas, populares, de variadas culturas e estilos, e ainda pela dança ou apenas pela apreciação auditiva.

Para o campo da pesquisa, poderia se observar efetivamente a influência musical, bem como analisar sistematicamente suas possíveis contribuições com o desenvolvimento pleno do bebé.

Bebé a dormir

Bebé a dormir

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Criança tocando, créditos Julie Wylie

SONS DA PRIMEIRA INFÂNCIA

O compositor Brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) defendia:

”A música é um indispensável alimento da alma humana e um fator imprescindível à educação da juventude.”

Hoje em dia, é recorrente dizer-se que a educação musical deve começar na primeira infância e que os sons ouvidos pelo bebé dentro e fora do útero tem influência no seu desenvolvimento futuro.

Há características que a música na primeira infância deva ter? Música de fundo com regularidade rítmica, melódica e harmónica dá à criança a sensação de bem-estar e de conforto e acalma também a mãe, o pai e todo ambiente familiar. As canções com intervalos característicos torna-se importantes para mais tarde a criança entender os diversos intervalos melódicos. Além de educarem para o ritmo e a melodia, há canções que de modo particular educam inconscientemente para a harmonia, na medida em que incluem arpejos, são executados em cânone ou têm melodias em terceiras, por exemplo.

O ritmo é organização, número, simetria, medida, proporção, ordem, fazendo parte da própria fisiologia do ser humano que respira, pulsa, anda, trabalha, repousa, fala e se cala. O ritmo binário tem um carácter pendular, mais adaptado à marcha, enquanto o ternário é mais rotatório, giratório, feminino. O compasso é mais adaptado à narrativa, e o 6/8 é especialmente adequado às canções de embalar. Simples exercícios rítmicos podem fazer maravilhas em termos musicais e psicológicos, pela descontracção gerada e pelo efeito
salutar no sistema nervoso.

Tendo em conta que a criança até aos sete anos vive sobretudo da sensorialidade, há toda a vantagem em expor e treinar as crianças sensorialmente de modo a fazer-se a natural descoberta da intensidade, timbre e altura.

Os pequeninos precisam, obviamente, de variar. Não se pode usar sempre a mesma canção, nem sempre o mesmo instrumento. É importante que os professores de Música vão dispondo de uma boa colecção de instrumentos musicais e fontes sonoras para satisfazer a necessidade de variedade das crianças e satisfazer o gosto.

Concertos para bebés[

Concertos para bebés

Pelos dois ou três anos, a criança improvisa frequentemente melodias numa base não métrica e não tonal, fundada nas suas vivências pessoais e no vocabulário de que já dispõe. Não é de esperar que tenha, nessa idade, grande coerência em termos de discurso verbal e musical. De qualquer modo, o educador pode aproveitar essa aptidão e completá-la. De facto, essa tendência desaparece com o despertar das funções intelectuais.

Em forma de jogo musical, o educador pode fomentar a criatividade à medida que a criança vai crescendo, consciencializando de forma progressiva para as noções de frase, cadência e forma musical.

António José Ferreira

Criança tocando, créditos Julie Wylie

Criança tocando, créditos Julie Wylie

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Bebé ouvindo música

OS BEBÉS E A MÚSICA

Excerto de A Música no Jardim de Infância. Uma proposta de desenho curricular, no âmbito do projeto “Crescer com a Música, por Irene Cortesão Costa, ESEPF – Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Porto 2016.

O CANTO

A voz é o primeiro elemento de comunicação que o bebé usa, quando chora nos primeiros tempo de vida, chora porque tem fome, porque lhe dói a barriga, porque quer mimo. É um elemento de comunicação que, paulatinamente, vai aprendendo a controlar, tornando esta comunicação cada vez mais percetível para os pais (o choro vai sendo diferente conforme a necessidade que quer exprimir), depois o palrar, a imitação da linguagem que progressivamente vai conseguindo controlar até que imita os sons que vai escutando para falar e para cantar. A voz vai adquirindo, assim, um caráter expressivo, afetivo e social.

A PERCUSSÃO CORPORAL

Logo depois da voz, o corpo surge como importante instrumento de criação de sons, de experimentação da percussão: o bater “palminhas”, o batimento das mãos no corpo e o progressivo aperfeiçoamento da capacidade de produzir sons através da manipulação do próprio corpo.

A ATIVIDADE INSTRUMENTAL

Com a capacidade de utilização do corpo como primeiro instrumento de percussão, o bebé vai procurando produzir sons com elementos externos. Pega em objetos e experimenta os sons que produzem. Progressivamente, a criança vai sendo capaz de utilizar objetos estranhos a si para a produção de sons, a manipulação de objetos sonoros e posteriormente a manipulação e utilização consciente de instrumentos. Isto irá permitir a atividade instrumental com instrumentos cada vez mais complexos.

O MOVIMENTO

Nas crianças pequenas, a música e o movimento estão intrinsecamente ligados: ouvir música significa movimento. A capacidade de interpretação da música através do corpo e do seu movimento vai sendo cada vez mais aperfeiçoada e é esta articulação que nas crianças é natural, que vai permitir, paulatinamente, trabalhar com elas a sua capacidade de se exprimir corporalmente, aprendendo a interpretar de forma física o que os seus ouvidos vão captando.

A AUDIÇÃO

A “capacidade de ouvir” não tem o mesmo significado que a “capacidade de escutar”: A escuta é uma faculdade de alto nível que se insere eletivamente e em primeiro lugar no aparelho auditivo. Quanto melhor for a qualidade deste, mais oportunidade teremos de ver instalar-se uma perceção do mundo sonoro próxima de uma certa realidade. (…) Se a audição for excelente diremos que o sujeito está apto a ouvir. O que em nada significa que queira escutar (…) nada garante que se manifesta um desejo deliberado: o desejo de apreender os sons, de os reunir, de os amalgamar, de os memorizar, de os integrar. É esta dimensão que caracteriza a faculdade de escuta na qual a volição tem uma importância primordial (Alfred Tomatis).

Se a capacidade de escutar música, como afirma Tomatis, é passível de ser estimulada, então ela deve ser progressivamente trabalhada, através de uma escuta ativa (movimento do corpo, manipulação de objetos, representação gráfica dos sons). Esta prática irá permitir à criança ir adquirindo formas de escuta e de interpretação, primeiro dos sons que a rodeiam, depois dos trechos musicais, até conseguir fazer uma audição crítica e estética da música que ouve.

No quadro das cinco áreas de atividades que atrás se fez referência, preconiza-se, portanto, que os conteúdos trabalhados respeitem uma sequencialização de competências que permita tomar em linha de conta a evolução das capacidades musicais das crianças (Ana Lucia Frega).

(…)

A Música no Jardim de Infância. Uma proposta de desenho curricular, no âmbito do projeto “Crescer com a Música, por Irene Cortesão Costa, ESEPF – Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Porto 2016.

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Bebé ouvindo música

Bebé ouvindo música

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Instrumentos musicais para bebés

Helen Christianson, em “The Child’s Treasury”. Tradução de Dinah Bezerra de Menezes, Coleção “O Mundo da Criança”, Editora Delta, Rio de Janeiro, adaptada para o Português de Portugal por António José Ferreira

[ “Feliz a criança a quem a família proporciona experiências musicais desde os primeiros dias de vida.” ]

Podemos dizer que é afortunada a criança a quem a mãe, desde os seus primeiros dias de vida, proporciona experiências musicais. Essas primeiras experiências contribuem para que, mais tarde, ela goste de música. Como qualquer outra arte, a música é cheia de significado, quando é primeiro “aprendida” e não “ensinada”. O divertimento vem primeiro; a técnica vem depois. O amor pela música pode ser desenvolvido desde os primeiros dias estendendo-se por toda a infância.

O que é arte? Como e a quem traz vantagens? Podemos dizer que a arte é simplesmente um meio de criar, de fazer coisas que concorrem para tornar a nossa vida diária mais agradável, mais satisfatória. Toda a pessoa, ainda que variando a maneira e a intensidade, é, ao mesmo tempo, um artista e um apreciador de arte. Como artista, é o executor que combina a perícia com sensibilidade às qualidades das coisas. Tanto a execução como o resultado trazem-lhe satisfação. Se alguém admira o seu trabalho, ele está pronto a dizer: “Passei momentos maravilhosos a fazer isto”. Como apreciador de arte, está continuamente a reflectir a sua sensibilidade nas obras que selecciona e adquire para o seu próprio uso e satisfação. Seja ele artista ou apreciador, o motivo que o impele é o mesmo: buscar experiências que sejam interessantes, variadas, expressivas e satisfatórias. Assim, a arte não está ligada a alguma coisa remota, a algo que tenha de ser visto ou ouvido em passeios ocasionais a museus ou salões de concerto. A arte é um modo de vida que contribui para o divertimento e satisfação no lar, na vizinhança, na escola e na comunidade.

A música é uma arte séria que deve ser ensinada às crianças, ou uma série de deliciosas experiências a serem compartilhadas com elas? Quantos adultos já não terão acompanhado o desenvolvimento dos seus filhos e crescido também com eles através do prazer proporcionado pela música?

O tradicional método das lições formais para iniciar o ensino da música vem sendo usado logo que a criança, conseguindo alcançar o banco do piano, encontra prazer primeiro nos sons que ela mesma tira e, mais tarde, nos acompanhamentos rítmicos para as suas canções. Uma criança tocou no piano, com um dedo de cada mão, e conseguiu uma agradável combinação; chamou a mãe e disse-lhe: “Não é bonito?” Este entusiasmo, em vez de ser participado pela família, foi interpretado como significativo gosto para as lições. Assim a criança foi levada a um professor de piano para a sistemática introdução dos primeiros conhecimentos musicais. O que ela realmente desejava era ter oportunidade de, tocando e ouvindo, criar novas combinações sonoras agradáveis. Viu-se, no entanto, obrigada a estudar e praticar para fins tão remotos, que perdeu o interesse e a Música tornou-se uma obrigação em vez de um prazer.

Há, naturalmente, uma ocasião em que os ensinamentos de um técnico serão muito importantes no desenvolvimento artístico da criança. Agora, como pequena artista que é, está mais interessada em tocar livremente do que em ficar sob os cuidados de um mestre. É tal qual a criança que, quando interrogada sobre o novo livro que recebeu, retrucou solenemente: “Ele fala muito mais sobre os pinguins do que eu desejaria saber”. Talvez nesses primeiros anos de vida da criança seja o adulto que necessite recuperar sua perícia nos instrumentos a que se dedicou há anos atrás. Os seus esforços de amador serão bem recompensados pela satisfação de proporcionar maiores oportunidades à família de se divertir com a música. Para o pai que já é um verdadeiro músico, há a oportunidade bastante agradável de descobrir quais as músicas que serão apreciadas não só pelos adultos como também pelas crianças.

Os investigadores da música e os especialistas no desenvolvimento da criança chegaram à conclusão de que o divertimento pela música é mais importante do que a imposição de técnicas na primeira infância. As lições propriamente da música devem ser proporcionadas à criança dos oito anos de idade em diante, dependendo de que ela deseje, realmente, aprender, tenha boa saúde, coordenação motora, seja ajustada social e emocionalmente, e outras condições.

Instrumentos musicais para bebés

Instrumentos musicais para bebés

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A música melhora o desenvolvimento cerebral de bebés prematuros

A música melhora o desenvolvimento cerebral de bebés prematuros

Um estudo elaborado na Suiça é o primeiro no mundo a descobrir que ouvir melodias produz mudanças nas conexões neuronais.

Nas unidades de cuidados intensivos neonatais há muito ruído: portas que se fecham e se abrem, pessoas falando, aparelhos de ar condicionado, entre outros. Um ruído, que pode afetar os bebés prematuros que estão a recuperar ou a desenvolver-se nas incubadoras. Os mais afetados por estas circunstâncias são os grandes prematuros, aqueles que nascem antes da semana 32, o que significa que não se desenvolveram totalmente nem física nem cognitivamente.
Embora a evidência científica assegure que os avanços médicos melhoraram muito a sua sobrevivência, estes pequeninos são mais sensíveis e estão mais sujeitos a dificuldades no seu desenvolvimento neuronal. E para que este melhore, especialistas e professores de Genebra (Suiça) decidiram confiar na música, escrita especialmente para eles. Na Suiça, segundo explicam, há cerca de 800 bebés prematuros por ano, o que representa 1% dos nascimentos no país. Em Espanha, nascem por ano cerca de 500 bebés prematuros por ano.

“Nascer entre as semanas 24 e 32 de gestação quer dizer que restariam entre dois a quatro meses para uma gravidez até ao fim, significa que o seu cérebro está menos desenvolvido”, asseguram os autores em comunicado.

“A sua maneira de desenvolvê-lo, continuam, é uma incubadora, com condições diferentes das que teriam se estivessem na barriga da mãe. Juntando a imaturidade do cérebro e o ambiente que sensorialmente não é adequado, poderia ser uma das explicações do porquê as conexões neuronais não se desenvolvem normalmente”, acrescentam.

A ideia da qual partiram os investigadores é como fazer para que o ambiente dos pequeninos na UCI melhorasse. E sabiam que a música era uma opção, mas qual? “Fomos muito afortunados porque contamos com o compositor Andreas Vollenweider, com experiência em projetos musicais com população vulnerável e que mostrou muito interesse em compor música para os grandes prematuros. O compositor contou com a ajuda de uma enfermeira especializada em cuidados intensivos”, segundo os autores.

A melodia tinha de estar adaptada a eles e acompanhá-los quando acordam, quando vão dormir, e que tocasse durante as fases sono-vigília. Os instrumentos finalmente escolhidos foram a flauta encantadora de serpentes (punji) – o que melhor funcionou -, a harpa, e bocados de sino. O compositor escreveu três peças de oito minutos de duração. O estudo baseou-se em diferenciar dois grupos de bebés, uns ouviram música cinco vezes por semana, e os outros, nada. As ressonâncias que fizeram na experiência mostraram “diferenças nas conexões neuronais no cérebro dos bebés”.

A investigação, publicada em Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), teve conclusões surpreendentes para os autores: “Os resultados revelam que as redes neuronais dos bebés prematuros que ouviram esta música, e em particular relativamente às funções sensoriais e cognitivas, desenvolvem-se muito melhor”. “E foi incrível”, relatam, “os bebés mais excitados conseguiram acalmar-se”. E mais, “incrementaram-se as conexões entre a rede cerebral de proeminência (aquela que permite discernir a importância dos estímulos) e as redes auditivas, sensoriomotoras, frontal, tálamo e pre-cúneo (uma parte do cérebro que permite relacionar a informação exterior com as dos sentidos). De tal modo que a organização das redes neuronais era muito similar à dos bebés nascidos no termo da gravidez”, explicam. Os primeiros bebés que participaram no projeto têm agora 6 anos, a idade em que os problemas cognitivos começam a ser detetáveis. Com os resultados, os autores terão agora que avaliá-los de novo.

“Este estudo tem uma conclusão muito inovadora porque é a primeira vez no mundo que se investiga o efeito da música em prematuros com ressonâncias magnéticas e se demonstra que existe uma mudança no cérebro”, explica Juan Arnáez, neonatólogo e diretor da Fundação NeNe, organização sem fins lucrativos cujo principal objetivo é a formação, investigação e divulgação dos problemas neurológicos do recém nascido. “Sabíamos que a música era benéfica para o cérebro em qualquer idade, mas não como acontecia. Não conhecíamos que mudanças se produzem realmente num cérebro em desenvolvimento”, realça o perito.

“É um avanço muito importante porque o ruído, ou como evitá-lo, nas UCI neonatais é algo a que se dedica muito tempo. Os grandes prematuros caracterizam-se, entre outras coisas, porque têm imaturidade nas conexões neuronais e mais risco de sofrer hemorragia pela fragilidade dos seus vasos sanguíneos”, continua Arnáez. Ao nascer, “e passar do seio materno – onde o ruído é amortecido pelo líquido amniótico – para uma incubadora pode ser algo muito brusco para o bebé. E solucionar esta contaminação sonora nas unidades é fundamental”, explica. “O que deve continuar a ser investigado é que efeito real tem a música a longo prazo”.

Segundo expõe o especialista, em Espanha há hospitais que põem música nas suas UCI neonatais, mas não é algo generalizado: “O que se está fazendo é: reduzir a luz, tapando a incubadora; permitir às famílias que possam estar na unidade as 24 horas; que os prematuros possam tomar leite das suas mães desde o minuto zero e que existam mecanismos que meçam os decibéis para controlar o ruído”. “Definitivamente, há que garantir o mais possível bem estar destes pequeninos”, conclui.

(…)

Carolina García, El País, De mamas y de papas, 01 de junho de 2019, tradução de António José Ferreira a 13 de junho de 2019

A música melhora o desenvolvimento cerebral de bebés prematuros

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